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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Vaginismo...porquê?

Minhas queridas leitoras (agora que tenho duas seguidoras oficiais até escrevo com mais entusiasmo :)!), pois é, já estou de volta para continuar a vos contar mais um pouco daquilo que passei nos últimos tempos. Já consegui falar ao todo com quatro mulheres que sofrem deste problema, aos poucos estou conseguindo chegar a mais gente, e isso deixa-me muito feliz!
De vez em quando penso naquela coisa de cada pessoa ter um "dom", ou uma coisa em especial em que é boa, e nunca consegui encontrar nenhuma para mim...não tenho jeito nenhum para desenhar, não tenho jeito para decoração, até gosto de cantar mas a minha voz não é propriamente a de um rouxinol, jeito para dançar também não tenho muito (embora goste muito), ainda nem sequer trabalho, por isso nem isso faz com que eu sinta que tenho o meu papel neste mundo (não sei se estou a fazer passar a minha ideia...), mas neste momento, depois de ter passado pelo vaginismo, sinto-me um pouquinho útil, pelo menos para fazer o papel que gostava que alguém tivesse feito por mim há uns meses atrás...percebem o que quero dizer? Dar apoio, contar a minha experiência, dar força a todas as mulheres que estejam neste momento a sofrer com isto...
Mas adiante...
No início do meu tratamento propriamente dito com a psicóloga, nós não começámos logo com a parte sexual. Falávamos sempre nisso, claro, até para tentar chegar à explicação do motivo que me tinha levado a sofrer daquele problema, mas a parte prática começou pelas outras coisas, todas (supostamente) mais fáceis de resolver. Digo supostamente porque é engraçado que o vaginismo foi das primeiras que resolvi (quando eu tinha certeza que seria a mais difícil de todas de tratar). Mas vou-me explicar melhor.
Numa das primeiras consultas, o meu trabalho de casa foi identificar as situações do meu dia-a-dia que me causavam ansiedade, isto porque, como vocês sabem, o vaginismo é um problema do foro psicológico, e então é por aí que passa a sua cura. E eu lá comecei a anotar quais eram as situações que me punham ansiosa. Mesmo sem ter que passar por elas de novo não era difícil dizer: conduzir (a pior de todas depois do vaginismo (isto o que eu achava antes de me curar do vaginismo, porque a parte da condução continua por resolver...), andar em certas ruas não tão movimentadas ou que eu não conhecia tão bem, andar de transportes públicos depois de uma certa hora, e falar em público. Basicamente eram essas, na altura, as situações que me causavam ansiedade. E como é que se curam todas elas (o vaginismo, inclusive)? Fazendo-as, a todas, frequentemente. Claro que começando sempre da actividade aparentemente mais fácil, nas circunstâncias mais fáceis, até ao passo maior da verdadeira tentativa de penetração (no caso do vaginismo). E começámos então a resolvê-las, da mais fácil para a mais difícil. Entretanto, iamos falamos sobre a minha família, a minha relação com o meu namorado, enfim, a minha vida em geral.
O primeiro objectivo das consultas era responder à pergunta: porque é que eu tenho vaginismo?
Isto porque o meu caso não é daqueles flagrantes. Não sofri nenhuma tentativa de violação, nunca sequer ouvi duas pessoas a fazer sexo (quanto mais ver) durante toda a minha infância que me pudesse ter traumatizado, os meus pais não são dos mais tradicionais até...esperaram pelo casamento para ter relações sexuais, mas isso era comum na altura deles. Mas então, porque é que eu sofria de vaginismo?
Como já contei no início do meu blog (em setembro), apesar de os meus pais não serem muitos rígidos nem tradicionais, comecei a namorar aos 12 anos (cedo...) e sempre fui uma menina muito certinha, e como os meus pais não gostaram nada que eu tivesse começado a namorar tão cedo, eu tive que me encontrar com o meu namorado muitas vezes às escondidas. Sim, eu sei, isso é hiper comum nos adolescentes! Só que eu ficava com um peso na consciência muito grande e, mais do que isso (tenho que ser honesta!!) o meu maior pânico era ser encontrada na rua pelos meus pais quando estivesse com ele, ou que eles descobrissem que eu tinha ido a casa dele (isso era o terror maior da minha vida, sem dúvida!!). Isto porque nas vezes em que eu estava com ele com o conhecimento dos meus pais, as coisas não eram nada fáceis. Tinha que ouvir muitos comentários desagradáveis, que muitas vezes faziam com que eu não desfrutasse do momento como merecia...
E basicamente foi por aqui que o problema apareceu, ao que parece...

5 comentários:

  1. Querida k, quero te dizer que você tem sim um dom maravilhoso, que é o dom da palavra e da generosidade. Sofro de vaginismo, e casei sem saber o que tinha, um ano se passou e eu continuo virgem. Devido a isso acho que entrei também em depressão e numa solidão sem fim, graças a Deus meu marido é muito compreensivo, mas eu me sinto muito mal em colocá-lo nessa situação, me sinto culpada. Também procurei um ginecologista, no começo, após a viagem de lua-de-mel (que não deu em nada), ele me receitou um gel lubrificante, que nada adiantou, e depois muito envergonhada, não consegui voltar ao médico. Fiquei sofrendo sozinha, não consigo contar a ninguém. É a primeira vez que eu falo desse assunto. Só quem passa por isso sabe como é difícil a decisão de procurar ajuda, mas ao conhecer a sua história, tomei um ânimo e já tenho em mãos o telefone de um psicoterapeuta, só por isso já sinto que avancei na minha luta. Obrigada K. Muitas felicidades.
    Abraços do Brasil, T.

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  2. T., obrigada pelas suas palavras e fico muito feliz de você já estar procurando ajuda. Vai ver que daqui a pouco tempo vai estar curada e pensando "porque é que não tomei coragem antes, que nem foi assim tão difícil a cura?".
    Beijos grandes e tudo de bom pra si. E escreva quando quiser =)

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  3. olá estou a escrever porque sofro do mesmo, não vejo cura possivel, a fui ao ginecologista, e passou me para a psicologa e esta para o outro =/
    não sei como ultrupassar isto, sinto me triste e sózinha obrigada*

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  4. Olá,
    Como pode ver em tudo o que escrevi e nas meninas que seguem e comentam, você não está sozinha não. Leia os posts para arranjar motivação, escreva-me se tiver vontade, procure ajuda de um terapeuta (outro, nem todos são bons, você pode não ter tido sorte com o primeiro), mas faça qualquer coisa. Não desista de lutar, a cura é mais fácil do que parece.
    Beijo grande para si

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  5. Oi, também enfrento este problema, sou casada há 9 anos e ainda não consegui cura. Por causa disso, me achava uma aberração, achava que era a única mulher no mundo com isso. Meu marido é muito compreensivo e querido, mas mesmo assim eu sofro bastante porque ninguém além dele sabe deste meu problema, me sinto triste!
    Parabéns por abordar este tema, beijão pra você

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