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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Memórias (sempre) muito presentes...

Desde que dei a entrevista de que vos falei há uma semana, e talvez também porque tenho tido mais algum tempo livre que faz com que os meus pensamentos andem a vaguear mais livremente, tenho voltado a pensar muito em tudo o que passei com o vaginismo. Tenho procurado informação na internet sobre o problema, blogs de mulheres que sofram o que eu sofri...enfim, tenho recuperado muitas memórias de tudo aquilo que passei. Porque, por mais que o vaginismo já faça parte do meu passado, foram seis anos da minha vida, foram momentos de sofrimento que já ninguém me tira, foram grandes angústias, grandes momentos de pânico, de frustração, de desilusão, de uma sensação de impotência gigante! De querer e não conseguir! De pensar "eu sei como é que se faz, sei exactamente como é que se processa, mas na hora "h" o meu cérebro não deixa o corpo funcionar naturalmente...porquê? E porquê eu? Que mal é que eu fiz?".
E sou-vos sincera, às vezes até evito pensar muito no assunto, porque tenho sempre um receio pequenino de que um dia tudo volte ao que era dantes...que eu, de repente, tenha um novo bloqueio e não consiga outra vez! Isso passa-me pela cabeça tantas vezes! Já não tenho medo quando eu e o meu namorado iniciamos o momento da penetração, de todo, mas sou muito franca, às vezes, dependendo da posição em que estamos (é sempre mais complicado para mim, e penso que para a generalidade das mulheres que passam por este problema, ficar por baixo, isto porque dessa forma não temos o controlo da situação), eu demoro alguns segundos a ceder, é estranho. E como isso aconteceu várias vezes, durante as nossas primeiras vezes, começámos a tentar ao início sempre comigo por cima, para evitar o problema, e assim as coisas correm sempre melhor.
E também, por exemplo, se por algum motivo acontece de não fazermos amor (sabe-me TÃO bem escrever esta expressão, porque por mais que os nossos momentos antes da minha cura fossem íntimos, e eram, como é óbvio, eu nunca consegui chamar "fazer amor" àquilo que nós faziamos...não sentia que aquilo era o acto completo de fazer amor, mesmo...) durante mais de uma semana seguida, aumenta um pouquinho o medo que a próxima vez não corra da melhor maneira. Mas estes pequenos medos, perto dos terrores pelos quais passei durante tanto tempo, são muito muito fáceis de enfrentar (afinal, quem enfrentou seis anos de vaginismo enfrenta qualquer problema sexual que possa vir a surgir, certo?? pelo menos assim o espero).
A propósito do que acabei de dizer acerca da expressão "fazer amor", lembrei-me de uma outra palavra, mas a esta ganhei aversão mesmo...e, se consigo escrevê-la (acreditem ou não, agora que pensei nela deu-me um arrepio mesmo físico no corpo), já não é tão fácil para mim pronunciá-la, por mais estúpido que isto vos possa parecer. Mas, acreditem, não suporto pronunciar a palavra "virgem"!Ganhei uma aversão a esta palavra, a ser virgem, não tinha o mínimo orgulho nisso, aliás, tinha já vergonha!!
Espero não estar a entristecer as possíveis leitoras que sofram deste mal só porque já falo no passado. Não! Eu tenho bem presente tudo o que passei, e acho que por mais anos que viva vou sentir-me sempre parte deste problema, mas agora já enquanto pessoa com uma força muito grande para ultrapassar sempre qualquer obstáculo e para ajudar o maior número de pessoas que puder! Quero ser para quem precisar aquela pessoa que eu queria que tivesse existido para mim há uns tempos atrás...quero que todas saibam que eu achava, mesmo, que nunca me ia curar, e agora estou aqui, feliz da vida, curada, e pronta para tudo!
Bem, desta vez não adiantei muito no desenvolvimento da minha história, mas neste momento tenho que ir. Logo que possa continuarei a minha história. Quero contá-la até ao fim e ajudar o maior número de pessoas possível, nem que seja só para vos dizer que vocês também conseguem e que não estão sozinhas!
No próximo post irei contar mais um pouco do meu tratamento na psicóloga, e em tudo o que senti enquanto ele decorreu.

2 comentários:

  1. É muito bom saber que a cura é possível. Você transmite essa esperança. E é impressionante como alguns relatos são parecidos com a minha história e a de tantas mulheres que sofrem com vaginismo. Por isso é importante levar essas informações a mais e mais gente. Para que outras não sofram durante tanto tempo como nós ou que, mesmo só descobrindo anos depois, venham a se curar. É como você disse: sempre há tempo! Bjs amorperfeito92@gmail.com

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  2. Lendo esse post fico feliz em saber que existe cura e que um dia conseguirei ter relações sexuais verdadeira... Tb tenho vergonha de ser virgem, até porque isso nao faz mais sentido para mim...

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