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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Exercícios...muitos exercícios!

Depois de tantos anos a pedir insistentemente nos desejos para o ano novo a minha cura do vaginismo (embora, confesso, a cada ano que passava já acreditava cada vez menos que iria conseguir), eis que este ano esse desejo não vai ser pedido... Lembro-me de ter comentado com a minha tia, na passagem de 2008 para 2009, que pediu sempre a mesma coisa e que ela nunca se concretizava...pois é meninas, eu estava enganada! A cura do vaginismo, afinal, é um objectivo concretizável! E, acreditem nas minhas palavras, às vezes bem mais fácil de concretizar que outras situações com que nos debatemos mas às quais só damos mais importância depois de curar o vaginismo. Isto também porque o ser humano é assim, dominado por uma insatisfação constante. Nós somos assim. Não vale a pena tentar evitar. E eu resolvi o vaginismo, sim, sou uma mulher muito feliz e sinto-me muito realizada por isso, é verdade, mas é também verdade que, desde que ultrapassei esse obstáculo, surgiram outros, e outros, que já existiam, tomaram outra dimensão.
Neste momento um deles é conduzir. Sim, porque eu estou sempre a aconselhar todas as mulheres a fazerem os exercícios para a cura do vaginismo todos os dias se possível, mas eu também devia conduzir todos os dias se possível e não o faço (nem de longe nem de perto).
Isto para dizer que, apesar de não sofrer mais com o vaginismo e às vezes até dar por mim a pensar "caramba, como é que levei tanto tempo para conseguir isto que não é afinal o bicho de sete cabeças como eu me convenci a mim própria?", sei que não é fácil. É bem mais fácil evitar os exercícios do que enfrentar a frustração cada vez que não conseguimos frutos.
Mas ouçam o que vos digo. Se as minhas tentativas de conduzir correrem para o torto, posso bater noutro carro, posso ter prejuízos monetários grandes, e posso até me ferir (que cenário incentivante!!). Se as vossas tentativas de colocar um tampão, ou o dedo, ou um dildo, falharem, sabem o que conseguiram? Conseguiram estar a uma tentativa mais próximas da cura!
E digo-vos de coração: Eu tive receio de começar a pôr tampões, e o dedo, e o dildo...mas não evitei! A sério que não evitei! Tinha mais medo da hora "h" em que teria que tentar mesmo a sério com o meu namorado. Isto porque a vontade de me livrar deste mal era gigante!! E não pensem que as tentativas foram sempre bem sucedidas! Não mesmo! Mas também vos digo outra coisa, e mais uma vez falo-vos com toda a minha sinceridade...custou-me muito mais a começar a inserir um dedo e um tampão, sozinha, dentro de mim, do que me custou o dildo e a penetração com o meu namorado! Juro!! Isto porque o que custa mais é o início! É o conseguirmos relaxar os músculos da vagina para deixar entrar seja o que for. Porque, a partir daí, e nós sabemos que o nosso corpo está feito para sair um bébé de dentro de nós, portanto aí é sempre a evoluir no caminho da cura...
Às vezes tenho receio que os meus posts sejam demasiado longos e eu vos aborreça...Isto porque também me ponho a divagar um pedaço. Mas é mais forte do que eu. Espero não ser muito chata.
Ah, já me ia esquecendo, nunca mais me lembrei disto! E às vezes tenho dificuldades em me lembrar da ordem cronológica pela qual fiz os vários exercícios durante o tratamento. Mas, se não estou em erro, ainda antes de começar a tentar inserir os dedos e os tampões, tive como trabalho de casa fazer os exercícios de kegel. Para quem não sabe, é um exercício físico que tem como objectivo geral fortalecer os músculos da zona da vagina. Como é que são feitos? Contraindo e descontraindo esses músculos várias vezes seguidas (a minha médica disse que para serem bem feitos não podemos estar a contrair ao mesmo tempo nem os músculos na barriga nem o anûs, temos que focar apenas nos músculos vaginais. E tinha que fazê-los à volta de 20 vezes seguidas (se não me engano), todos os dias. De início era para tentar quando fizesse xixi, mas só uma vez ou duas (porque isso não é bom para a bexiga). Isto ajuda-nos a aprender a controlar o músculo que tão teimosamente insistimos em contrair na hora errada.
Por agora vou ficar por aqui, na tentativa de não fazer um post tão longo que ninguém tenha coragem de começar sequer a ler...
Desejo a todas um 2010 marcado pela cura do vaginismo e por muita felicidade!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Contar ou não contar...

Ando numa indecisão, que tenho que resolver rápido porque depois volto para Lisboa (onde vivo a maior parte dos meus dias nos últimos anos) e aí já é tarde. A questão é que preciso de ir à ginecologista, porque já se passou quase meio ano desde que iniciei a minha vida sexual por completo e agora convém saber se está tudo bem comigo. E a minha dúvida é se consulto a médica que conhece o vaginismo e que eu consultei há uns meses (quando já ia à psicóloga e fui só mesmo confirmar o que já tinha a certeza, ou seja, que sofria de vaginismo) ou se consulto a que consultei há uns anos, que é a ginecologista de praticamente todas as mulheres da minha família, e de quem eu gosto muito. Sou-vos sincera. Os dois principais motivos que me levam a querer consultar esta última são os seguintes: conheço-a há muito tempo, e sinto-me à vontade com ela enquanto médica, e, como ela foi muito querida para mim há uns anos atrás quando lá fui dizer que não conseguia a penetração mas não me soube dizer que podia ser vaginismo (infelizmente ainda é um problema muito desconhecido...), queria contar-lhe do meu caso, isto na esperança de poder ajudar as mulheres da minha terra que a consultem. Isso faria-me muito feliz. O senão é que não consigo ir consultá-la sem dizer à minha mãe (não me sinto bem...) e aí ou ela me vai perguntar se "aquilo" já está resolvido, ou eu vou sentir necessidade de contar, e não se se tenho coragem. Por um lado eu quero, mas por outro... E pior que isto vai ser quando sair a reportagem sobre o vaginismo para a qual eu dei o meu contributo através duma entrevista, vai me custar muito não poder mandar a minha mãe ir a correr comprar o jornal...
Tenho 22 anos. A minha mãe está absolutamente convencida que tenho uma vida sexual activa e "normal" (já me deu a entender isso). Mas não sabe aquilo por que eu passei. Vocês contavam? E consultavam a ginecologista da família para lhe contar também?
Tenho que ser rápida a me decidir.
Quanto a vocês, que possam estar a ler estas linhas ainda passando pelo sofrimento de não conseguir ter relações sexuais com penetração, não desanimem! Eu consegui! Vocês também conseguem!
Não me canso de dizer! O meu vaginismo era primário, ou seja, sofri deste mal desde sempre, nunca consegui nem 1 centímetro de penetração em todas as tentativas que fazia com o meu namorado, deixei de tentar durante anos, e isto na altura parecia um erro (eu sentia que não devia fugir das tentativas mas era mais forte que eu), mas infelizmente a verdade, que eu só vim a saber depois, é que para mulheres como nós que sofram de vaginismo, tentar uma vez e tentar 100 é a mesma coisa, porque sem ajuda, sem muitos exercícios a preceder as tentativas de penetração, não vai resultar MESMO, por maior que seja a vontade. Pois é, não vale a pena "bater mais no ceguinho". Para quem ainda não procurou ajuda e não começou nos exercícios, o meu conselho é parar já de tentar penetração porque se sofrerem mesmo de vaginismo, só vão aumentar a vossa frustração, porque não vão, mesmo, conseguir :(!
Mas este último parágrafo só para dizer que o meu caso era extremo, tinha as maiores dificuldades possíveis e imaginárias na penetração, era um acontecimento completamente impossível nas circunstâncias em que eu me encontrava (eu era capaz de jurar que se sofresse de uma tentativa de violação que não ia ser bem sucedida, dada a minha resistência...), e EU CONSEGUI!
Com empenho e força de vontade, todos os casos têm cura! Força!!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Vaginismo...porquê?

Minhas queridas leitoras (agora que tenho duas seguidoras oficiais até escrevo com mais entusiasmo :)!), pois é, já estou de volta para continuar a vos contar mais um pouco daquilo que passei nos últimos tempos. Já consegui falar ao todo com quatro mulheres que sofrem deste problema, aos poucos estou conseguindo chegar a mais gente, e isso deixa-me muito feliz!
De vez em quando penso naquela coisa de cada pessoa ter um "dom", ou uma coisa em especial em que é boa, e nunca consegui encontrar nenhuma para mim...não tenho jeito nenhum para desenhar, não tenho jeito para decoração, até gosto de cantar mas a minha voz não é propriamente a de um rouxinol, jeito para dançar também não tenho muito (embora goste muito), ainda nem sequer trabalho, por isso nem isso faz com que eu sinta que tenho o meu papel neste mundo (não sei se estou a fazer passar a minha ideia...), mas neste momento, depois de ter passado pelo vaginismo, sinto-me um pouquinho útil, pelo menos para fazer o papel que gostava que alguém tivesse feito por mim há uns meses atrás...percebem o que quero dizer? Dar apoio, contar a minha experiência, dar força a todas as mulheres que estejam neste momento a sofrer com isto...
Mas adiante...
No início do meu tratamento propriamente dito com a psicóloga, nós não começámos logo com a parte sexual. Falávamos sempre nisso, claro, até para tentar chegar à explicação do motivo que me tinha levado a sofrer daquele problema, mas a parte prática começou pelas outras coisas, todas (supostamente) mais fáceis de resolver. Digo supostamente porque é engraçado que o vaginismo foi das primeiras que resolvi (quando eu tinha certeza que seria a mais difícil de todas de tratar). Mas vou-me explicar melhor.
Numa das primeiras consultas, o meu trabalho de casa foi identificar as situações do meu dia-a-dia que me causavam ansiedade, isto porque, como vocês sabem, o vaginismo é um problema do foro psicológico, e então é por aí que passa a sua cura. E eu lá comecei a anotar quais eram as situações que me punham ansiosa. Mesmo sem ter que passar por elas de novo não era difícil dizer: conduzir (a pior de todas depois do vaginismo (isto o que eu achava antes de me curar do vaginismo, porque a parte da condução continua por resolver...), andar em certas ruas não tão movimentadas ou que eu não conhecia tão bem, andar de transportes públicos depois de uma certa hora, e falar em público. Basicamente eram essas, na altura, as situações que me causavam ansiedade. E como é que se curam todas elas (o vaginismo, inclusive)? Fazendo-as, a todas, frequentemente. Claro que começando sempre da actividade aparentemente mais fácil, nas circunstâncias mais fáceis, até ao passo maior da verdadeira tentativa de penetração (no caso do vaginismo). E começámos então a resolvê-las, da mais fácil para a mais difícil. Entretanto, iamos falamos sobre a minha família, a minha relação com o meu namorado, enfim, a minha vida em geral.
O primeiro objectivo das consultas era responder à pergunta: porque é que eu tenho vaginismo?
Isto porque o meu caso não é daqueles flagrantes. Não sofri nenhuma tentativa de violação, nunca sequer ouvi duas pessoas a fazer sexo (quanto mais ver) durante toda a minha infância que me pudesse ter traumatizado, os meus pais não são dos mais tradicionais até...esperaram pelo casamento para ter relações sexuais, mas isso era comum na altura deles. Mas então, porque é que eu sofria de vaginismo?
Como já contei no início do meu blog (em setembro), apesar de os meus pais não serem muitos rígidos nem tradicionais, comecei a namorar aos 12 anos (cedo...) e sempre fui uma menina muito certinha, e como os meus pais não gostaram nada que eu tivesse começado a namorar tão cedo, eu tive que me encontrar com o meu namorado muitas vezes às escondidas. Sim, eu sei, isso é hiper comum nos adolescentes! Só que eu ficava com um peso na consciência muito grande e, mais do que isso (tenho que ser honesta!!) o meu maior pânico era ser encontrada na rua pelos meus pais quando estivesse com ele, ou que eles descobrissem que eu tinha ido a casa dele (isso era o terror maior da minha vida, sem dúvida!!). Isto porque nas vezes em que eu estava com ele com o conhecimento dos meus pais, as coisas não eram nada fáceis. Tinha que ouvir muitos comentários desagradáveis, que muitas vezes faziam com que eu não desfrutasse do momento como merecia...
E basicamente foi por aqui que o problema apareceu, ao que parece...

Memórias (sempre) muito presentes...

Desde que dei a entrevista de que vos falei há uma semana, e talvez também porque tenho tido mais algum tempo livre que faz com que os meus pensamentos andem a vaguear mais livremente, tenho voltado a pensar muito em tudo o que passei com o vaginismo. Tenho procurado informação na internet sobre o problema, blogs de mulheres que sofram o que eu sofri...enfim, tenho recuperado muitas memórias de tudo aquilo que passei. Porque, por mais que o vaginismo já faça parte do meu passado, foram seis anos da minha vida, foram momentos de sofrimento que já ninguém me tira, foram grandes angústias, grandes momentos de pânico, de frustração, de desilusão, de uma sensação de impotência gigante! De querer e não conseguir! De pensar "eu sei como é que se faz, sei exactamente como é que se processa, mas na hora "h" o meu cérebro não deixa o corpo funcionar naturalmente...porquê? E porquê eu? Que mal é que eu fiz?".
E sou-vos sincera, às vezes até evito pensar muito no assunto, porque tenho sempre um receio pequenino de que um dia tudo volte ao que era dantes...que eu, de repente, tenha um novo bloqueio e não consiga outra vez! Isso passa-me pela cabeça tantas vezes! Já não tenho medo quando eu e o meu namorado iniciamos o momento da penetração, de todo, mas sou muito franca, às vezes, dependendo da posição em que estamos (é sempre mais complicado para mim, e penso que para a generalidade das mulheres que passam por este problema, ficar por baixo, isto porque dessa forma não temos o controlo da situação), eu demoro alguns segundos a ceder, é estranho. E como isso aconteceu várias vezes, durante as nossas primeiras vezes, começámos a tentar ao início sempre comigo por cima, para evitar o problema, e assim as coisas correm sempre melhor.
E também, por exemplo, se por algum motivo acontece de não fazermos amor (sabe-me TÃO bem escrever esta expressão, porque por mais que os nossos momentos antes da minha cura fossem íntimos, e eram, como é óbvio, eu nunca consegui chamar "fazer amor" àquilo que nós faziamos...não sentia que aquilo era o acto completo de fazer amor, mesmo...) durante mais de uma semana seguida, aumenta um pouquinho o medo que a próxima vez não corra da melhor maneira. Mas estes pequenos medos, perto dos terrores pelos quais passei durante tanto tempo, são muito muito fáceis de enfrentar (afinal, quem enfrentou seis anos de vaginismo enfrenta qualquer problema sexual que possa vir a surgir, certo?? pelo menos assim o espero).
A propósito do que acabei de dizer acerca da expressão "fazer amor", lembrei-me de uma outra palavra, mas a esta ganhei aversão mesmo...e, se consigo escrevê-la (acreditem ou não, agora que pensei nela deu-me um arrepio mesmo físico no corpo), já não é tão fácil para mim pronunciá-la, por mais estúpido que isto vos possa parecer. Mas, acreditem, não suporto pronunciar a palavra "virgem"!Ganhei uma aversão a esta palavra, a ser virgem, não tinha o mínimo orgulho nisso, aliás, tinha já vergonha!!
Espero não estar a entristecer as possíveis leitoras que sofram deste mal só porque já falo no passado. Não! Eu tenho bem presente tudo o que passei, e acho que por mais anos que viva vou sentir-me sempre parte deste problema, mas agora já enquanto pessoa com uma força muito grande para ultrapassar sempre qualquer obstáculo e para ajudar o maior número de pessoas que puder! Quero ser para quem precisar aquela pessoa que eu queria que tivesse existido para mim há uns tempos atrás...quero que todas saibam que eu achava, mesmo, que nunca me ia curar, e agora estou aqui, feliz da vida, curada, e pronta para tudo!
Bem, desta vez não adiantei muito no desenvolvimento da minha história, mas neste momento tenho que ir. Logo que possa continuarei a minha história. Quero contá-la até ao fim e ajudar o maior número de pessoas possível, nem que seja só para vos dizer que vocês também conseguem e que não estão sozinhas!
No próximo post irei contar mais um pouco do meu tratamento na psicóloga, e em tudo o que senti enquanto ele decorreu.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ele(s)

Pois é, andei ausente nos últimos tempos mas já expliquei o porquê. Mas vou então contar mais um bocadinho da minha história, do meu longo sofrimento que, graças a Deus (e a muita persistência da minha parte) terminou há já cinco meses e meio...
Mas então acabei o último post relativo à minha história a contar que, na minha segunda consulta, fui com o meu namorado. A doutora perguntou-lhe o que é que ele achava do tratamento, de eu ter decidido procurar ajuda, enfim, de toda aquela situação! E ele disse que, até ter descoberto, ao mesmo tempo que eu, que eu sofria de um problema do qual nenhum de nós tinha absolutamente culpa nenhuma e que não dependia apenas da minha força de vontade (entenda-se, sem ajuda de um profissional, como é óbvio!) resolvê-lo, passaram-lhe pela cabeça pensamentos muito negativos. E não é para menos. Para uma pessoa que desconhece a existência de tal problema, que durante toda a adolescência (e início da vida adulta) ouviu contar mil e uma histórias de amigos e amigas que perderam a virgindade das formas mais variadas possível (algumas inclusive não correm assim tão bem, e nós sempre tivemos absoluta consciência disso, mas a nossa não corria nem bem nem mal, e esse era o grande problema...), não era fácil evitar determinados pensamentos do género "será que ela gosta mesmo de mim?", "será que ela quer mesmo que a primeira vez dela seja comigo?", entre muitos outros.
E aproveito este momento para dizer que, apesar de todos os defeitos dele (que os tem, como qualquer outro ser humano), apesar de não ter feito muita força para eu procurar ajuda, apesar de nunca me ter pressionado a resolvermos o problema, ou seja, apesar de ter deixado as coisas nas minhas mãos, tenho a agradecer eternamente o facto de, durante quase 10 anos de namoro "incompleto", ele nunca ter desistido de mim, nunca se ter cansado de esperar e não ter ido antecipar a experiência com outra pessoa...porque, alguns podem me achar ingénua, mas eu acho que todas as pessoas merecem credibilidade até provarem que não são dignos dela. E o meu namorado não é nenhum santo, e sei que muitas vezes esteve à beira da saturação, aliás, tivemos momentos muito próximos do fim, mas acabávamos por decidir tentar mais uma vez...
Se eu soubesse neste momento que tudo isto que eu dou por garantido, que o meu namorado esperou mesmo por mim, que eu fui a primeira dele como ele foi o meu, afinal não era verdade...o que mais me magoaria, muito sinceramente, seria ele não me ter contado mais cedo. Porque acho que todas as pessoas têm as suas fraquezas, e algumas, dependendo do contexto, podem ter perdão, mas o pior é a mentira, é esconder daquela pessoa com quem partilhamos tudo, que afinal a nossa relação não é bem aquilo que parece... Se, durante todos estes anos de sofrimento, eu tivesse sabido de uma traição, não vos sei dizer como teria reagido. Mas muito provavelmente não me sentiria no direito de ficar tão magoada como ficaria hoje, altura em que a nossa vida sexual já está mais completa com a minha cura.
O que é insuportável, repugnante mesmo, são os homens que têm relações de anos com mulheres que sofrem de vaginismo e nunca lhes ocorre que algo está mal, que não é apenas uma "tontice" qualquer da mulher, que não consegue porque na verdade não quer. Acham que nos dá prazer fazer sofrer a pessoa que amamos? Acham que é bom pensar TODOS os dias que, mais dia menos dia, podemos ser traídas, porque se isso já acontece com milhares de casais que têm relações sexuais "completas", o que não será com os nossos companheiros, que nem isso têm? Acham que é bom pensar que se vocês, homens, se fartarem verdadeiramente da situação, podem sempre dar meia volta e ir às vossas vidas, mas o vaginismo vai ficar sempre connosco? Acham que é bom para nós, mulheres, que (pelo menos 90 e muito %) temos o sonho tão intenso de ser mães um dia, que isso poderá nunca acontecer???
Acreditem, é preciso estar na pele para saber verdadeiramente o que é este sofrimento. Por mais anos que eu viva, nunca me vou esquecer do que sofri. A minha adolescência, a partir do momento em decidi que queria deixar de ser virgem (seis anos antes de concretizar essa vontade), foi manchada por esse peso que eu carreguei todos estes anos. Na minha viagem de finalistas, como podem imaginar, ouvi as histórias mais malucas possível de "este que dormiu com aquela" e do casal de namorados que preferiu ficar em casa do que ir para a discoteca para ter uma grande noite de amor...enquanto que no meu quarto, eu e o meu namorado, cheios de amor um pelo outro, o máximo que conseguimos foram duas ou três tentativas falhadas, super frustantes...naquela semana até fui persistente, porque não era hábito ter tantas tentativas seguidas (como podem imaginar, cada fracasso é seguido de uma grande carga emocional negativa, é HORRÍVEL!!)! E então quando cheguei à faculdade, e principalmente depois de dizer que já namorava há alguns anos, ninguém sequer perguntava se eu era virgem ou não, partiam logo do pressuposto que, como seria óbvio, eu já não era há muito tempo, e aquelas conversas muito frequentes entre amigos eram muito difíceis de evitar...enfim, um verdadeiro terror!
Por agora vou ficar por aqui, e prometo que vou tentar continuar a minha história logo que possa (espero que não leve muito tempo...).

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Novidades

Este post é curto. Só para dizer que o facto de nao ter recebido muito feedback me desmotivou a continuar a contar a minha historia. porque o meu objectivo é apenas ajudar. porque, graças a Deus, ja estou curada (mas como eu consegui, todas conseguem)!
Por isso a quem venha visitar este blog e queira ouvir algumas palavras de conforto ou queira saber mais sobre como foi o meu tratamento, digam qualquer coisa! Ou enviem-me um email (vag.psi@gmail.com). Gostava mesmo de poder ajudar pessoas que passem pelo que eu passei.
Já agora aproveito para dizer que nos últimos dias voltei a pensar muito nos tempos dificeis que passei quando tinha vaginismo. isto porque um jornal cá de portugal ligou para a minha psicologa porque estao a fazer uma reportagem sobre vaginismo e queriam que ela lhes indicasse pessoas que sofressem deste problema. Hoje mesmo eu fui dar a entrevista. Estava nervosa, mas ainda bem que fui!! E oxala ajude alguem! É tudo o que quero. Nao ha nada como saber que alguem passou pelo mesmoe superou...era tudo o que eu queria ouvir ha uns meses atras...