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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ele(s)

Pois é, andei ausente nos últimos tempos mas já expliquei o porquê. Mas vou então contar mais um bocadinho da minha história, do meu longo sofrimento que, graças a Deus (e a muita persistência da minha parte) terminou há já cinco meses e meio...
Mas então acabei o último post relativo à minha história a contar que, na minha segunda consulta, fui com o meu namorado. A doutora perguntou-lhe o que é que ele achava do tratamento, de eu ter decidido procurar ajuda, enfim, de toda aquela situação! E ele disse que, até ter descoberto, ao mesmo tempo que eu, que eu sofria de um problema do qual nenhum de nós tinha absolutamente culpa nenhuma e que não dependia apenas da minha força de vontade (entenda-se, sem ajuda de um profissional, como é óbvio!) resolvê-lo, passaram-lhe pela cabeça pensamentos muito negativos. E não é para menos. Para uma pessoa que desconhece a existência de tal problema, que durante toda a adolescência (e início da vida adulta) ouviu contar mil e uma histórias de amigos e amigas que perderam a virgindade das formas mais variadas possível (algumas inclusive não correm assim tão bem, e nós sempre tivemos absoluta consciência disso, mas a nossa não corria nem bem nem mal, e esse era o grande problema...), não era fácil evitar determinados pensamentos do género "será que ela gosta mesmo de mim?", "será que ela quer mesmo que a primeira vez dela seja comigo?", entre muitos outros.
E aproveito este momento para dizer que, apesar de todos os defeitos dele (que os tem, como qualquer outro ser humano), apesar de não ter feito muita força para eu procurar ajuda, apesar de nunca me ter pressionado a resolvermos o problema, ou seja, apesar de ter deixado as coisas nas minhas mãos, tenho a agradecer eternamente o facto de, durante quase 10 anos de namoro "incompleto", ele nunca ter desistido de mim, nunca se ter cansado de esperar e não ter ido antecipar a experiência com outra pessoa...porque, alguns podem me achar ingénua, mas eu acho que todas as pessoas merecem credibilidade até provarem que não são dignos dela. E o meu namorado não é nenhum santo, e sei que muitas vezes esteve à beira da saturação, aliás, tivemos momentos muito próximos do fim, mas acabávamos por decidir tentar mais uma vez...
Se eu soubesse neste momento que tudo isto que eu dou por garantido, que o meu namorado esperou mesmo por mim, que eu fui a primeira dele como ele foi o meu, afinal não era verdade...o que mais me magoaria, muito sinceramente, seria ele não me ter contado mais cedo. Porque acho que todas as pessoas têm as suas fraquezas, e algumas, dependendo do contexto, podem ter perdão, mas o pior é a mentira, é esconder daquela pessoa com quem partilhamos tudo, que afinal a nossa relação não é bem aquilo que parece... Se, durante todos estes anos de sofrimento, eu tivesse sabido de uma traição, não vos sei dizer como teria reagido. Mas muito provavelmente não me sentiria no direito de ficar tão magoada como ficaria hoje, altura em que a nossa vida sexual já está mais completa com a minha cura.
O que é insuportável, repugnante mesmo, são os homens que têm relações de anos com mulheres que sofrem de vaginismo e nunca lhes ocorre que algo está mal, que não é apenas uma "tontice" qualquer da mulher, que não consegue porque na verdade não quer. Acham que nos dá prazer fazer sofrer a pessoa que amamos? Acham que é bom pensar TODOS os dias que, mais dia menos dia, podemos ser traídas, porque se isso já acontece com milhares de casais que têm relações sexuais "completas", o que não será com os nossos companheiros, que nem isso têm? Acham que é bom pensar que se vocês, homens, se fartarem verdadeiramente da situação, podem sempre dar meia volta e ir às vossas vidas, mas o vaginismo vai ficar sempre connosco? Acham que é bom para nós, mulheres, que (pelo menos 90 e muito %) temos o sonho tão intenso de ser mães um dia, que isso poderá nunca acontecer???
Acreditem, é preciso estar na pele para saber verdadeiramente o que é este sofrimento. Por mais anos que eu viva, nunca me vou esquecer do que sofri. A minha adolescência, a partir do momento em decidi que queria deixar de ser virgem (seis anos antes de concretizar essa vontade), foi manchada por esse peso que eu carreguei todos estes anos. Na minha viagem de finalistas, como podem imaginar, ouvi as histórias mais malucas possível de "este que dormiu com aquela" e do casal de namorados que preferiu ficar em casa do que ir para a discoteca para ter uma grande noite de amor...enquanto que no meu quarto, eu e o meu namorado, cheios de amor um pelo outro, o máximo que conseguimos foram duas ou três tentativas falhadas, super frustantes...naquela semana até fui persistente, porque não era hábito ter tantas tentativas seguidas (como podem imaginar, cada fracasso é seguido de uma grande carga emocional negativa, é HORRÍVEL!!)! E então quando cheguei à faculdade, e principalmente depois de dizer que já namorava há alguns anos, ninguém sequer perguntava se eu era virgem ou não, partiam logo do pressuposto que, como seria óbvio, eu já não era há muito tempo, e aquelas conversas muito frequentes entre amigos eram muito difíceis de evitar...enfim, um verdadeiro terror!
Por agora vou ficar por aqui, e prometo que vou tentar continuar a minha história logo que possa (espero que não leve muito tempo...).

3 comentários:

  1. Também sofro muito por medo de não poder ser mãe!...

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  2. "cada fracasso é seguido de uma grande carga emocional negativa, é HORRÍVEL!"
    Disse tudo, me sinto assim, carregada, vontade de chorar sem parar, é muito muito triste, dá vontade de desistir de tudo, da vida. Espero um dia superar isso.
    [N]

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  3. Revejo-me nas tuas palavras pois o que descreves neste e nos outros posts são o meu presente. São o meu «agora».

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