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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Novidades da terapia semanal

Antes de mais, acho que estou (pelo menos) oficialmente curada no que toca à condução.
A médica já me tinha dito que esta semana era para eu arranjar um endereço qualquer onde nunca tivesse ido mas numa zona que conhecesse minimamente (claro).
Sabem, mais uma vez foi daquelas coisas que eu só fiz porque foi com a terapeuta. Porque não me apetecia mesmo nada fazer. Porque estava bastante ansiosa. Porque estava sol e queria ir para a praia com o meu namorado. Porque pensei "eu já estou curada, que seca, não me apetece ir fazer isto". Mas tinha consulta marcada, tive que ir.
E porque é que eu estou pelo menos oficialmente curada? Porque fui (mais ou menos...) obrigada a fazer a rotunda do Marquês de Pombal (para as meninas brasileiras, é a rotunda maior e mais temida pelos condutores da minha categoria, com cinco filas),e não é que consegui?? É verdade!

E isto funciona exactamente como o vaginismo. Primeiro porque basta passar uma vez num lugar que eu nunca tinha passado antes que já o desmistifico e a partir daí passo a fazê-lo, ainda com algum medo, mas vou fazendo e aos poucos torna-se um lugar seguro. E depois porque apesar de eu neste momento estar curada, não sou ainda propriamente um Colin Mcrae (é piloto de Fórmula 1 não é? nem sei se se chama assim, mas vocês percebem a ideia :p) e ainda tenho medos. Mas já não evito. E, tal como no vaginismo, vou continuar a treinar aos poucos, até ao dia em que já não me vai custar absolutamente nada e só vou retirar a parte boa de conduzir.

Quanto àquela história da tricolo qualquer coisa (aquilo de arrancar os cabelos), tenho boas notícias. Eu não sofro disso, porque isso consiste mesmo em agarrar nos cabelos, um por um, e puxá-los mesmo com força para arrancar. Eu não faço isso. Puxo e dá-me prazer se vier cabelo (é um facto, tenho vergonha de dizer mas é um facto, e daqui a uns meses também vai deixar de ser, espero!), mas não arranco daquela maneira. Aliás, não era capaz. Isso deve doer!!
E então quanto a puxar o cabelo a dica é consciencializar-me de quando estou a fazê-lo, e quando isso acontecer tento imobilizar as mãos durante um tempo, ou ocupá-las com um objecto qualquer, ou se o meu fiscal (mais conhecido por namorado :p) estiver por perto agarra-me na mão gentilmente e dá-me um abraço (isto porque as pessoas não precisam saber que estão perante uma obcecada em puxar o cabelo, right?). E não é preciso continuar na terapia por causa disso =).

A médica perguntou-me quais eram os meus objectivos agora na terapia. Eu disse-lhe que, sinceramente, já me sinto uma pessoa "normal", e acho que consigo lidar sozinha daqui para a frente com os problemas que tenho (até porque não vou ser propriamente jogada no mundo sozinha, tenho família e amigos!!). Então agora, para não ser uma separação dura (cisto de ter uma relação de quase dois anos com a psicóloga é mais do que duram muitos namoros e cria alguma dependência, a verdade é essa!!) vou voltar ao consultório daqui a duas semanas, depois daí a um mês, depois daí a três meses e então, aí, estarei definitivamente "largada" nesse mundo cruel por minha conta e risco.
Parece-me bem. Acho que já está na hora. Foi bom enquanto durou, mas agora há que pôr um ponto final na nossa história (:p). Acho que estou pronta para continuar o caminho pelos meus próprios passos, sem muletas. Já sou grandinha, já faço sexo, já conduzo...acho que sim, que já faço tudo o que as pessoas crescidas fazem, por isso tenho que ter vida de pessoa crescida. Não é verdade?
Beijos para todas (das mais recente condutora oficial de Lisboa...que está com medo de levar o carro hoje para a faculdade porque o namorado foi passar o fds fora e se alguma coisa correr mal ele está a 200km de distância, mas que VAI levar a porcaria do carro, ai vai sim senhora!!)

P.S. Ontem atendi o telefone ao meu pai quando estava a conduzir, pela segunda vez esta semana, só para dizer que não podia falar porque estava a conduzir. E ele ficou tão orgulhoso (eu sei que foi por isso) que praticamente gritou um "ADORO-TE" que o que queria verdadeiramente dizer era "estou tão orgulhoso da minha menina!". E estas coisas sabem sempre bem aos ouvidos! Sabem ou não sabem?

terça-feira, 27 de abril de 2010

Estou triste!

Bom, e já que a greve dos transportes não me deixou sair de casa , aqui estou eu...tudo bem que ontem foi a primeira vez que, finalmente, consegui levar o carro sozinha para a faculdade (iupi!!) mas também não me vou aventurar logo no segundo dia a sair em hora de ponta quando TODA a gente vai levar o carro hoje para o trabalho...era da maneira que recuperava o trauma todo e tinha que voltar ao início!
E agora perguntam-me vocês "porque é que estás triste?". Ora bem, porque isto de cada vez que se resolve um problema aparentemente insolúvel se descobrir outros que vão aparecendo em catadupa (acabei de ver esta palavra no programa "bom português" e apeteceu-me usá-la :p) não está com nada...
Caramba, eu já achava mesmo que estava a ficar uma pessoa normal...qual quê?? Quando é que eu me convenço que isso NÃO vai acontecer??
Na semana passada a minha terapeuta disse-me (ainda não vos tinha contado) que depois de fazermos um exercício específico com o carro (eu vou escolher três endereços aleatoriamente, procurá-los no google estabelecendo pontos de referência, e vou ter que conduzir até eles...é o último dia da terapia com o carro), eu estaria "dispensada" da terapia, um ano e sete meses depois!! E eu fiquei toda contente porque, para além de, desde Outubro, estar a ir lá TODAS as semanas (o tratamento do vaginismo era só de 15 em 15 dias), e a cada duas semanas ter duas consultas seguidas (uma a conduzir, outra de psicologia normal), confesso que acho que as consultas de psicologia (no consultório, não as da condução) já não fazem muito sentido...não tenho nada de especial para contar, aparentemente a minha vidinha está bem normal, pelo menos acho que se assemelha à de qualquer ser humano comum (tudo bem, ainda estou com algum medo de começar a trabalhar, mas isso passa!), e aqueles 50 minutos custam a passar. Quando eram as consultas do vaginismo eu pensava sempre no fim "oh...já acabou??", porque estava super ansiosa mesmo para me tratar, e para esse problema eu precisava, efectivamente (ou devia dizer antes aparentemente?), das consultas de psicologia.
E o problema a que me refiro é o de puxar o cabelo...porque entretanto uma das meninas que lê este blog estuda psicologia e deu-me a conhecer que isto é um problema com nome (mais um que eu não fazia ideia e achava-ME única!! também já era hora de parar de pensar que tenho algum tipo de exclusividade neste mundo, raio de pessimismo!!) - já agora chama-se tricotilomania (iupi, finalmente aprendi a fazer isto das hiperligações :p) para as mais curiosas - e acabei de ler na net algumas coisas que me arrepiaram um bocadinho...para já porque tenho praticamente todos os sintomas (só não COMO os meus cabelos...que HORROR!!!ah, também não arranco pêlos púbicos nem nada do género...mas quem sou eu para julgar alguém...)), e depois porque diz que pode levar a calvície...MEDO!!!
E agora vou pedir a vossa opinião, porque vou ter amanhã supostamente a última consulta (se é que percebi bem) e agora não sei se fico caladinha e tento resolver isto por mim, pedindo ajuda às pessoas próximas (considerando que tenho este problema praticamente desde que nasci, sempre soube que não faz bem mas sempre foi mais forte que eu, e inclusive o meu pai está sempre a me dizer para largar o cabelo...), ou se isto só se cura com tratamento psicológico e lá vou ter eu que ficar mais uns mesinhos na terapia...é que não me apetecia MESMO nada!! Logo agora que achava que ia ficar livre...ninguém merece!! Help meninas, please!! O QUE É QUE EU FAÇO??

P.S. Desculpem este post tão chato!! Mas preciso da vossa opinião!!
P.S.1. Mais uma vez relembro às meninas que tenham indicações (boas, claro!) de terapeutas e ainda não as tenham dado que vos peço o favor de publicarem um comentário no seguinte post (agora que aprendi a fazer isto não páro :p) ou de me enviar um e-mail com essas indicações. É muito importante mesmo. Cada vez recebo mais e-mails a pedir ajuda e gostava muito de poder dar boas indicações, para além de palavras de carinho.

domingo, 25 de abril de 2010

A primeira tentativa com o "verdadeiro"

Não foi nada fácil o último mês antes de eu conseguir a penetração...primeiro tive uma amiga que ficou cá em casa durante algumas semanas (problemas pessoais), pelo que a minha vida sexual com o meu namorado era praticamente nula. Além disso, era a minha época de exames da faculdade. E a cereja no topo do bolo foi a visita dos meus sogros cá a casa na semana em que comprei o amiguinho n.º 2 e que fiz questão de usar todos os dias...tinha que esperar que eles fossem se deitar, feita criminosa, e ir sorrateiramente com o meu saquinho preto para a casa de banho (menos mal que são discretos os sacos das sex shop :p), porta trancada, e lá ia eu para a banheira... Estão a imaginar se um deles abria a porta e dava com a futura nora de vibrador enfiado lá para dentro da amiguinha :p? Seria uma daquelas cenas de filmes do género "Isto não é o que parece"...e eles acreditariam logo que eu estava a praticar exercícios porque, coitada de mim, nunca tinha posto o material do filho deles na dita cuja...pois claro que sim!! Agora talvez vocês estejam pensando "caramba, também podias ter esperado uns diazinhos para não correres tantos riscos"...NÃO!! Vocês vão sentir o mesmo que eu, quando estiverem a uma unhinha negra da cura...porque nessa altura vocês estão com a confiança em vocês próprias como nunca a tiveram, e já sentem, efectivamente, que conseguem!! O que não deixa de gerar atitudes precipitadas algumas vezes, é um facto (já perceberão melhor o que digo dentro de segundos).

Então agora querem saber se eu consegui a penetração com o meu namorado à primeira não é verdade?? Este é o momento pelo qual algumas de vocês já esperam há meses. Pois é meninas, acabou o suspense (ou pelo menos uma parte dele, porque eu começo a escrever e acabo por fazer posts tão grandes que tenho que acabá-los mais cedo do que queria para vocês não se cansarem de ler tanto duma vez).
Só mais uma coisinha antes :p. Têm que saber antes em que estado estava a minha terapia nesse momento. Então, a terapeuta sabia que eu já estava a exercitar com o amiguinho n.º 2 e eu já lhe tinha dito que achava que já estava preparada para o "verdadeiro amiguinho" (coitadinho...que foi injustamente considerado de inimigo durante tantos anos...) mas ela pôs-me um travaozinho e deu aquela ideia de passarmos a fazer os exercícios com os amiguinhos a dois, ou seja, de ser ele a inseri-los em mim, estando eu de costas, e quando ele achasse que aquilo por aqueles lados estava receptivo..."atacaria" de verdade :p.

Confesso, não tive paciência para isso, além do que essa posição não é propriamente das mais fáceis no início...
A posição em que tentei pela primeira vez a penetração (a primeira pós-terapia, antes era sempre com ele por cima e vocês já sabem o resto) foi sentando-me em cima dele, virada para ele. Não sei se é mais fácil só para mim. Mas nas primeiras vezes, durante alguns meses, eu não conseguia começar com ele por cima. Tinha que começar eu a dominar a coisa e então depois podíamos trocar de papéis...ainda hoje, depois de nove meses, costuma acontecer assim, porque é mais fácil para mim. Mas não se assustem, eu já tenho uma penetração super normal, só que prefiro começar por cima para ter mais segurança, é isso!
Mas também vos digo que aquela coisa de parecer que entra tipo hímen, mesmo para quem já pratica há séculos, é uma treta! Há que fazer com jeitinho, é preco "encaixar" as peças uma na outra, com calminha.

E quanto à resposta À pergunta...só entrou metade na primeira vez =(. Mas nós não insistimos muito, porque eu não queria ficar desiludida (claro que fiquei um bocadinho!!) e regredir no tratamento. Tentámos, entrou metade com alguma dificuldade, e então decidimos parar e tentar numa próxima vez. Nada de desesperos, já entrou mais do que alguma vez tinha entrado! Nem tudo era mau!
Depois disso ele ficou um pouco reticente e já não acreditou tão facilmente quando eu disse que me sentia preparada SIM para tentar outra vez (depois de exercitar com o amiguinho n.º 2 mais uns dias - poucos). Mas não percam as cenas dos próximos capítulos, que estão para breve :p...prometo!!!
Beijos meninas!!

P.S. São mails como o que recebi a noite passada (estou a falar de você, F., a quem ainda não respondi mas vou fazê-lo logo) que me dão vontade de vir escrever para todas vocês. Não copio para aqui a última parte do e-mail porque não pedi autorização, mas recebi dos elogios e agradecimentos mais bonitos de sempre. E é por pessoas como vocês que eu dou graças a Deus todos os dias por ter criado este blogue. Obrigada por me deixarem ajudar-vos no que posso. Cada vez gosto mais de fazê-lo.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

As vantagens da terapia (sim, mais!!)

Hoje vou ter a minha hora de terapia semanal. Sim, já estou curada do vaginismo há 9 meses (já podia ter um bébé nos braços =)!!) mas continuo a lá ir. Acho que foi porque decidimos implicitamente, no início da terapia, que eu tinha vários problemas causados pela ansiedade e que deviamos tratá-los a todos, do mais fácil para o mais difícil, para eu poder me curar do vaginismo. No entanto, o que veio a acontecer foi que o vaginismo até acabou por ser mais fácil de curar que muitas outras coisas. E quando essa etapa foi ultrapassada, passámos para a condução.

Mais uma vez tenho a dizer que, por mais absurdo que possa parecer eu pagar uma consulta à minha terapeuta para ela andar de carro comigo (sim, eu tenho amigos, e namorado, e família, que podiam fazer isso comigo), com a terapeuta é diferente. Tão diferente como, por exemplo, as meninas que não estão em terapia para curar o vaginismo e pensam "hoje não me apetece fazer exercícios. amanhã também não. já decidi, esta semana estou em baixo, além do que estou cheia de trabalho, por isso não faço exercícios nenhuns" (nota: não estou a criticar-vos: estou a tentar vos ajudar! sempre! acho que vocês sabem isso...). Eu não podia pensar assim. Ou melhor, poder até podia, mas depois tinha que pagar uma consulta para ir dizer à terapeuta "errr...não fiz os exercícios!". E como não gostamos de jogar dinheiro para o lixo e não temos propriamente muito à vontade com a médica para mandá-la dar uma curva quando ela se mostrar indignada por não termos feito os exercícios (já quando se trata do namorado podemos mandá-lo passear - só às vezes :p - se não nos apetecer dar explicações), acabamos mesmo por fazê-los, e por fazê-los sempre! Daí que seja mesmo positivo gastar esses euritos nas consultas. Ainda mais eu que tive a sorte de, até ao fim deste ano, poder pagar menos de metade do valor das consultas pelo facto de os meus pais terem ADSE (vai-te despedindo da vida boa que já está na altura de cresceres...eu sei! mas enquanto se pôde aproveitou-se!).

Isto para dizer que, se não fosse a minha terapeuta, eu, para além de ainda não fazer sexo, também ainda não conseguiria, por exemplo, ir ao supermercado sozinha...coisa que ADORO!! agora vou quase três vezes por semana (antes ia uma só, até porque não é propriamente um dos programas preferidos do meu namorado) só para me sentir útil. E a sensação de chegar a casa, estacionar o meu carrinho, trancá-lo e entrar pelo prédio com as chaves (do carro) na mão?? Sinto-me tão...adulta quando faço isso :p! E quando pude trazer o carro para casa porque o meu namorado decidiu ficar com os amigos a beber uns copos e então não convinha ser ele a conduzir?? Sim, eu sei, coisas que são tão básicas nas vossas vidas que provavelmente nem lhes dão valor, mas para mim cada vez que pego no carro sozinha é ainda uma grande vitória. Bem dizem que a vida é feita de pequenas coisas...eu que o diga :p!
Hoje já vou fazer o percurso final sozinha, do consultório para a minha casa (que basicamente resume-se a atravessar Lisboa, pelo que está nos máximos de dificuldade para mim). Depois desta etapa vencida, acho que posso dizer, finalmente, que sou uma mulher independente, pelo menos neste aspecto. E isso deixa-me TAAAAOOOO feliz! No fim de semana a seguir ao próximo, vou ficar sozinha, e se calhar já pego no meu carrinho e vou ao shopping SOZINHA (em vez de ficar em casa trancada dois dias inteiros porque não me apetece apanhar transportes públicos ao fim de semana)...iupi!!!
Sou incapaz de fazer posts curtos. É mais forte que eu. Tinha mais para dizer mas fica para a próxima. Beijos a todas

Ainda falando em ansiedade...

Tenho outro sintoma bem grave, que me esqueci de vos contar, este por acaso nunca falei com a minha psicóloga (mas também não vejo bem com que tipo de exercícios iamos resolvê-lo)...tenho um hábito doentio de puxar o cabelo...aparentemente estou só mexendo nele mas faço isso a toda a hora e de uma forma obssessiva (confesso que tenho vergonha de descrever esta acção mais detalhadamente para vocês perceberem o quão obsessiva é, mas para quem eventualmente esteja a pensar "eu também brinco com o cabelo a toda a hora" acreditem, não é da mesma maneira. E, para terem uma noção mais clara, esta situação já vem basicamente desde que tenho cabelo com um tamanho minimamente razoável (ou seja, quase desde que existo)...sabem que quando eu era uma criança a minha mãe teve que me cortar o cabelo bem curtinho (à menino) que de tanto eu puxar fiquei praticamente sem cabelo num lado?? E eu às vezes chego a ficar com os meus cortes de cabelo meios "deformados" depois de uns tempos por causa disso....é um sintoma grave, não acham?? Podem ser sinceras! Mas isto não tem como resolver...ou terá?
Enfim, eu sei que não foi um post interessante, mas pode ser útil para não se sentirem tão ET's em relação a algum sintoma de ansiedade que possam ter e que até lerem este post achassem que era muito grave e que, mais uma vez, estavam sozinhas no mundo (se servir para amenizar as mágoas de alguém, já não foi completamente inútil). E por falar em inutilidades, vou-me calar por agora, que isto a esta hora e com tudo o que já fiz hoje não me vai sair nada mais inspirado...acreditem. Portanto, para vosso bem e para o meu também, vou dormir =)!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Problemas de ansiedade

Muitos dos problemas/medos com que nós, (ex)vagínicas (eu continuo com alguns deles), nos debatemos na nossa vida devem-se ao facto de termos uma personalidade ansiosa, típica de mulheres com vaginismo.
Se cada uma pensar no seu dia-a-dia, com certeza conseguem se lembrar de alguma actividade não relacionada com a sexualidade que vos cause ansiedade (claro que toda a gente tem seus stress e problemas, independentemente de ter vaginismo ou não, mas muitos dos nossos obstáculos devem-se a termos esta característica específica). No meu caso, por exemplo, são/foram (algumas já curadas, outras nem tanto): conduzir (um obstáculo que já esteve muito mais longe de ser passado), andar de transportes públicos a horas não perigosas mas que a mim me perturbavam, falar em público, e muitas outras que agora não vêem ao caso.
No início da terapia, como aliás já vos contei, a minha terapeuta mandou-me enumerar, numa escala de 1 a 8, o grau de ansiedade que cada uma dessas actividades "críticas" me causavam, de forma a escolhermos os alvos a abater, um por um! E assim fiz.
E ela ensinou-me uns exercícios respiratórios para ajudar a diminuir a ansiedade, mas que só têm efeito quando ela está mais ou menos entre os níveis 3 e 6, ou seja, num nível médio. Se estivermos muito ansiosas não resulta (lamento desapontar-vos).
Não vai ser fácil descrever o exercício, e provavelmente vai parecer estúpido, e as primeiras vezes que tentarem não vão sentir nada. Mas há que ser persistente. E treinar várias vezes porque, efectivamente, resulta. Comigo resulta. E a explicação para isso tem a ver com o funcionamento do nosso corpo, especificamente da respiração (mas confesso que não me lembro qual é, sorry).
Então vou tentar explicar da maneira mais fácil. Basicamente resume-se a respirar calmamente mexendo apenas a barriga. O peito tem que se manter imóvel. Se pensarem, quando respiram fundo para tentar se acalmar, o peito é praticamente a única coisa a mexer. Mas não, ele tem que ficar parado. Para ganharem o jeito mais facilmente, experimentem pôr a mão sobre o peito, para garantirem que ele não mexe, e tentem mexer só o abdómen enquanto respiram. Atenção, mais uma vez repito, isto só resulta se estiverem com um nível de ansiedade médio no momento.
E ainda quanto às situações que nos deixam ansiosas (desta vez não focando o vaginismo em especial), quando estiverem a fazê-las (e têm mesmo que fazê-las, porque sem prática nunca vão superar esses obstáculos), há ainda mais um truque que devemos respeitar: não parar de fazer as actividades quando estamos no nível mais elevado (ou seja, normalmente depois de qualquer coisa correr mal). Não! Se fizermos isso o nosso cérebro vai cada vez mais associar essa actividade a sofrimento e vamos criar uma aversão cada vez melhor. Por exemplo, no meu caso, se o carro se for abaixo numa subida e eu ficar muito ansiosa, não posso mandar o meu namorado passar para o volante e está resolvido o problema. Não! Tenho que arrancar e continuar a conduzir, e só parar quando tiver num nível baixo de ansiedade. E sim, ele vai necessariamente baixar, isto porque o corpo humano não aguentar mais de poucos minutos no nível máximo de ansiedade (desculpem, a minha psicóloga também me disse mas não me lembro, já foi há mais de um ano). Portanto, toca a cumprir estas dicas que são muito importantes. Em tudo!

P.S. Como é óbvio, todos os terapeutas mandam-nos deixar de tentar a penetração quando começamos o tratamento, logo esta coisa de enfrentar os obstáculos e não os evitar não se adequa às tentativas de penetração nessa fase. Mas vale para tudo o resto!!
P.S.1. Depois quero saber se os exercícios de respiração resultaram convosco! Mas quero sinceridade, ok?

sábado, 10 de abril de 2010

Indicações de terapeutas e contacto de msn

Amigas,
Este post tem dois objectivos. Um é pedir-vos um favor. Outro é dar uma sugestão que me foi dada pela nossa amiga Mel e que pode ajudar alguém que queira falar comigo ou com outras meninas com o mesmo problema mais à vontade no msn.

Então, em relação ao primeiro assunto, queria pedir a quem consulta ou já consultou um ginecologista bom (e por ginecologista bom refiro-me a um que saiba o que é vaginismo e que não receite anestésicos para nos curar) e/ou um terapeuta sexual que me mandem um e-mail ou postem um comentário aqui no blog a dizer o nome e em que Estado trabalham esses médicos e mais ou menos onde fica o consultório. Isto para ajudar as outras meninas que lêem o blog e ainda não conseguiram encontrar nenhum e também para me ajudar a responder aos mails que eu recebo cada vez mais e, como só sei dar indicação de uma médica em Lisboa e ainda por cima a maioria das mulheres com quem falo é brasileira, fica difícil dar indicações boas, pelo que isso também me ajudaria bastante a vos ajudar.
Pode ser? Temos acordo =)? Eu (e todas, imagino) ficaria muito agradecida a quem me fizesse esse favor. Não ientifico quem me mande mails nem ninguém, só quero mesmo ter indicação do género "Em São Paulo há pelo menos duas terapeutas boas, uma fica no lugar tal e a outra no lugar tal", para poder transmitir às pessoas que me pedem ajuda. Combinado? E quem diz terapeutas diz qualquer tipo de médico que vocês tenham consultado e que vos tenha ajudado em termos de vaginismo.

Quanto ao segundo assunto, já criei um endereço no msn para quem queiram falar mais à vontade comigo. Podem me adicionar com o mesmo e-mail que uso para o blog, ou seja, vag.psi@gmail.com. As meninas que têm gmail podem também falar comigo através do chat (já fiz isso com algumas) mas quem não tem fica mais complicado e por isso, se quiserem, podem me adicionar no msn, ok?
E quem quiser falar com mais alguém (para além de mim) que esteja a passar ou já tenha passado pelo mesmo problema pode me mandar um mail a me dar autorização a divulgar o seu e-mail às outras meninas que demonstrem a mesma vontade. Caso contrário, anonimato absoluto, juro-vos que sou incapaz de divugar o mail ou a indentidade de alguém sem autorização. Podem dormir descansadas quanto a isso. E podem também criar um mail qualquer com um nome falso para adicionar as meninas no msn, também há essa opção. Isto tudo para podermos trocar mais ideias, para quem quiser.
Posto isto fico à espera das vossas respostas. Beijos para todas e bom fim de semana

domingo, 4 de abril de 2010

É tramado...

...isto de "termos" que manter o anonimato, não é?
Afinal de contas, que culpa temos nós de ter tido este problema? Calhou-nos a nós como podia ter calhado a qualquer mulher no mundo!
Mas é mais forte do que nós a vergonha...
Mas sabem que mais? Às vezes tenho é muito orgulho de mim e de tudo o que enfrentei sem desistir e apetece-me gritar para o mundo que sou uma grande mulher pelo sucesso da minha batalha (peço desculpa pela falta de modéstia mas é que é mesmo assim, chega de sermos as maiores inimigas de nós próprias)!! Nós não somos um lixo como eu achei que era tantas vezes. Nós, que lutamos para ultrapassar este pesadelo, somos muito mais fortes do que alguma vez pensamos!

P.S. Isto veio a propósito de mais um comentário anónimo que recebi hoje e que me faz sempre sentir uma grande impotência quando quero falar com essas pessoas e não posso, e o que me resta é torcer para que elas cá voltem na esperança que eu tenho respondido ao comentário...meninas que fazem comentários anónimos em desespero, eu respondo SEMPRE!!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Eles...

Venho partilhar da tristeza (se é que posso chamá-la assim) da minha amiga Amor Perfeito por os nossos blogs andarem tão mortinhos ultimamente...e para confirmar se vocês continuam aí (ou se andam mesmo longe) queria pedir a vossa opinião na resposta a esta pergunta:
Será que a mulher vagínica tem uma divida eterna de gratidão para com o homem que foi seu companheiro durante anos, sem nunca a ter traído, e que esperou por ela até que ela, finalmente, se curasse ou, pelo contrário, eles não são nenhuns "super-homens", tendo apenas cumprido o seu "dever" (de ser um companheiro fiel), porque além do mais o amor é muito mais do que sexo?
E, por outro lado, será que o homem que trai a mulher vagínica por esse único motivo ou que acaba o relacionamento por causa disso, é má pessoa?
Confesso que me inclino mais para admirar o homem que espera... Traição não consigo engolir bem...mas desistir da relação também não me parece a pior atitude do mundo...afinal de contas quantas vezes nós já quisemos desistir desta luta contra o vaginismo?? A diferença é que nós não temos para onde fugir...eles têem...
O maior problema nisto tudo ainda está no facto de os homens, regra geral, não nos incentivarem a procurar ajuda nem tentarem nos ajudar (pelo menos o meu foi assim, demasiado cobarde sequer para tocar no assunto, sempre foi um tabu absoluto!). E aí sim torna-se mais grave o facto de virarem as costas.
Duvido muito que alguma relação que envolva uma mulher vagínica nunca tenha tido crises sérias por esse motivo, ou que o homem nunca tenha ponderado ir à sua vidinha...na minha relação aconteceu as duas coisas. A segunda ele nunca me confessou abertamente, mas houve uma altura em que ele perdeu, do nada, o interesse em mim. E a relação foi esfriando cada vez mais. Até que, depois de eu muito insistir, ele confessou que achava que já não me amava...meninas, doeu como uma faca no coração!! Doeu muito!! E, nessa altura, sem eu fazer ainda a mínima ideia que tinha um problema chamado vaginismo, prometi a mim mesma que iamos tentar mais vezes a penetração (deixámos de tentar uns meses depois da primeira tentativa falhada) e que eu ia conseguir! Nem é preciso vos dizer que nem tentativas de penetração houve, quanto mais alguma conquista. Isto foi com 7 anos de relacionamento.
Mas, confesso-vos, uma coisa que sempre me intrigou foi o facto de eu ver mil e um relacionamentos à minha volta a acabarem, por todos os motivos e mais algum, e o meu ia aguentando, apesar das várias crises. Mesmo sem o "verdadeiro" sexo, nós fomos nos aguentando...umas alturas mais firmes, outras nem tanto. E confesso também que quando estávamos em fases más eu tremia só de pensar em ficar sem ele, porque achava que se não me curasse com ele nunca mais ia encontrar alguém que aceitasse a minha condição (eu sei que isto soa a amor interesseiro, mas acreditem que não é, só que era mais forte do que eu esse pavor!). Nessa altura eu também não fazia ideia que, afinal, nós não precisamos de um homem para nos curarmos, por mais estranho que tal pudesse soar ao início.
Quando contei à minha mãe do meu problema, elogiei o F. Ela chegou a dizer que quando há amor é natural que seja assim. Mas eu disse-lhe que não era bem assim. Uma das minhas grandes amigas que sabiam da minha história, disse-me categoricamente que, por mais que tivesse certeza do amor do companheiro por ela, achava que ele não esperaria por ela. Sei de uma história que se conta na minha terra de um casal novo que namora há séculos e que "não fazem sexo" (foi assim que me contaram, com um ar muito escandalizado...) e ela é a única que não sabe que tem um belo par de cornos...
Isto tudo para dizer que, dada a peculiaridade da espécie masculina, tenho que confessar que, por mais defeitos que o F. tenha (e tem vários, como aliás toda a gente!), não consigo deixar de admirá-lo por ter esperado por mim, sem nunca me ter traído (chame-me ingénua quem quiser, mas até prova em contrário eu acredito piamente no que acabei de dizer!). E dou graças a Deus por ter aparecido este homem na minha vida. Se um dia nós nos separarmos, aí eu vou ter certeza absoluta que Deus o colocou na minha vida por dois motivos em especial: para me dar a conhecer uma pessoa que, apesar de às vezes não ser o melhor namorado do mundo, é um ser humano que eu admiro imenso (e isto vai muito mais para além do facto de ele ter esperado por mim) e que não quero perder nunca nem que seja como amigo, e para me ajudar a curar o vaginismo. Porque eu precisava de alguém como ele.
Por isso, a ti, meu amor, que mesmo sabendo da existência deste blog nunca passas por aqui, e mesmo sabendo que não vais ler este texto (aliás, se alguma das meninas chegar ao fim deste testamento já é uma vitória para mim :p), o meu obrigado por me teres ajudado. Não activamente, é verdade, muitas vezes ainda mais cobarde do que eu, também é verdade, com momentos em que não acreditaste que eu um dia iria conseguir, eu sei que isso também é verdade, mas esperaste!E isso eu tenho que te agradecer. A minha primeira vez não podia ter sido com uma pessoa melhor! Obrigada por isso. Amo-te.