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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Quero notícias vossas!!

Só pra dizer aqui o "consultório" voltou a funcionar a 100% (acho que já deu para perceber...este é "só" o terceiro post que faço hoje...) e que tenho saudades dos vossos mails com perguntinhas para eu responder e com histórias para eu ler, ok meninas?
E para aquelas que me prometeram contar as cenas dos próximos capítulos e nunca mais deram um ar de sua graça (isto, claro, se passarem por cá e lerem isto!), agradecia novidades meninas!! Então anda uma pessoa para aqui a contar a sua vidinha toda e não recebe nada em troca :( ?? Quero mails meninas!! Tou a contar-vos a minha vidinha praticamente toda, mas também quero saber a vossa, combinado? Toca a escrever aqui à K.
P.S. Amor perfeito, Dani, Permitirme e C., as meninas têm se portado bem e então este post não é pra vocês, ok minhas queridas :)?

Mais umas comprinhas e mais uns exercícios

Este post é dedicado a quem já está farto das minhas lamentações. E, para compensar-vos da melhor maneira que posso (e como podem imaginar, não vai ser propriamente fácil falar deste assunto mas mais vale agora porque depois a situação pode ficar ainda mais dramática), vou continuar na história que vos interessa verdadeiramente.
Então, e no seguimento do post do dia 31 de Janeiro (ao tempo que isso já foi...), eu tinha vos contado que experimentei o dildo anal e que aquilo funcionou à primeira com a maior das facilidades. E então, voltei à sex shop uns dias depois para ir "reforçar o stock de brinquedos". Mais uma vez, fui acompanhada das minhas fiéis companheiras (adoro-vos minhas lindas! ainda não falei delas mas vou falar!! porque elas foram mesmo muito importantes para a minha luta!).
E então, cheguei lá e comecei a analisar a oferta. Para todos os gostos, sem dúvida, coisas inclusive que não sei para que é que servem (viva a imaginação!!) mas também já havia lá coisas capazes de caber em mim. Ah pois é! Ir a uma sex shop deixou de ser tão desinteressante quanto ver uma luta de boxe. Aliás, há uns meses seria bem menos frustrante ver uma luta de boxe (para as meninas que ainda possam preferir ver uma luta de boxe neste momento, nada de desanimar e toca a meter mãozinhas à obra, ok?).
E então não é que saí de lá com dois vibradores (que não foram usados para essa função) e ainda com um cartãozinho de cliente??? Eu bem que tinha insistido na semana anterior que não era preciso, mas a minha "amiga" Simone, entusiasmada pelo meu regresso, já me fez o cartãozinho sem perguntar nada, não fosse eu passar a comprar um vibrador por semana, quem sabe...e aquilo quando fazemos 100€ em compras até dá um desconto jeitoso!
Atenção, não estou a dizer que não volto lá, nem tenho nada contra! Pelo contrário (mas não vamos falar agora na minha actividade sexual para os próximos tempos, ok? Só a do passado!).
Claramente exagerei na dose! Cheia de orgulho do meu primeiro encontro com o dildo anal e sem querer voltar à loja nos próximos tempos, comprei um dildo de tamanho praticamente de um pénis dito "normal" e um exageradamente grande (onde é que eu tinha a cabeça minha gente???) e, ainda por cima, mole, que não ajuda lá muito...).
No mesmo dia em que fiz as minhas compras, experimentei logo o de tamanho "normal".
Mais uma vez, muita água quente em cima dele antes de tudo, muito lubrificante nele e à volta da vagina e toca a experimentar.
Meninas, não vou mentir nem vos vou iludir, até porque estamos a falar de uma pessoa com vaginismo já na fase em que está a experimentar um dildo do tamanho de muitos pénis reais. Eu consegui. À primeira. Sim, é verdade. Mas foi bem devagarinho porque aquilo doi um bocadinho. Afinal de contas tinha mesmo que doer, não é verdade? E, para quem defina a virgindade como a rompimento do hímen (eu prefiro uma versão mais romântica, confesso!), esse foi basicamente o dia em que perdi a minha virgindade.
Não senti isso, não sangrei, nada disso!
E vou aproveitar para vos explicar uma coisa que não me lembro se já vos disse mas que não acho demais recordar porque é importante, e que foi explicado pela minha terapeuta.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, não é o rompimento do hímen que faz a mulher sangrar na primeira vez. Até porque o hímen é uma membrana bem fininha que NÃO DOI a romper. O que doi, meninas, é o atrito do pénis nas paredes da vagina, porque aquele é um espaço que nunca antes tinha sido tocado e por isso há essa dor na mulher.
O que quer dizer que, para nós, que passamos por um processo de dildos/dilatadores antes de estar com um homem, a nossa "perda de virgindade" é diferente da das outras mulheres...para melhor!! Isto em termos de dor física, ou seja, daquela dor que todas as mulheres sentem na primeira vez (e não a dor que as mulheres com vaginismo sentem, que é causada pela força que fazem).
Daí que, se vocês tentarem várias vezes (muitas!) com os dildos/dilatadores de tamanho do pénis várias vezes antes de estar com um homem, o vosso sofrimento vai ser basicamente com os dilatadores. Claro que na hora de tentar "de verdade" com um homem vai ter aquele nervoso extra, óbvio, mas nessa altura lembrem-se que já vão sentir outra segurança que não sentem agora...trust me ladies!!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Hoje não consigo ajudar. Hoje sou eu quem precisa de ajuda. Hoje, sinto um aperto gigante no meu coração. Hoje, o meu mundo, pelo menos aquele em que eu vivo há mais de 10 anos, está por um fio. Aliás, se eu fosse a pessoa corajosa e forte que gostava de ser, não estava sequer por um fio.
Mas não sou. Sou uma fraca. Sou masoquista. Sou alguém que tem que bater a porta numa etapa da sua vida mas que, ao invés disso, espera que lhe batam à porta e que lhe digam que foi só um pesadelo, que nada vai terminar, e que tudo pode ser perfeito, quando eu sei, já tive todas as provas, que não pode! Não pode!
O que é que se faz numa situação destas? Contentamo-nos com o que temos, que até nos faz feliz (e não é pouco), ou decidimos, finalmente, dar um novo rumo à nossa vida e confiar que vai aparecer a verdadeira felicidade plena?
Será que a felicidade "pela metade" é suficiente?? Mas, e se não houver mesmo felicidade maior que aquela que já temos? E se, ao tentarmos procurar uma felicidade plena que não existe, acabarmos perdendo o grande tesouro que tínhamos na nossa vida?
Eu sei que há pessoas à fome. Eu sei que há pessoas sem tecto. Eu sei que há pessoas verdadeiramente infelizes. Eu sei que tenho todos os ingredientes que podem fazer de mim uma pessoa realizada e feliz. Mas, hoje, para mim, a minha dor é maior do que a de toda a gente. Porque hoje pode ser o dia em que vou dar um ponto final a um longo caminho que venho traçando acompanhada praticamente desde que me conheço. E não sei se estou preparada para continuar a caminhada sozinha...
P.S. Peço desculpas pelo meu estado de espírito hoje, e por vir para aqui transmiti-lo. Se calhar amanhã chego aqui e arrependo-me e apago o texto. Mas neste momento precisava mesmo "despejar" para algum lado senão rebentava!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Eu, K., 23 anos, carta de condução há quase cinco anos

Peguei hoje num carro sozinha, pela primeira vez na minha vida (debaixo de chuva!!), e fui ao supermercado. Eu, pela primeira vez, peguei num carro para ser útil!! Já tinha pegado algumas vezes, mas sempre para fazer exercícios que a terapeuta mandava, aí não dava para sentir bem que estava sendo útil. E então ela disse-me que eu precisava mesmo de ir ao supermercado (que é o trajecto mais fácil para eu fazer por enquanto) para sentir que estava a fazer algo mais do que "exercícios terapeuticos". O carro ficou mal estacionado (confesso! :p), mas também não fugi de um estacionamento difícil!
Pois é meninas, estou orgulhosa de mim mesma!! Não vejo a hora de poder ir para onde me apetecer à hora que me apetecer sem ter que apanhar o autocarro ou pedir boleia ao meu namorado, já chega disso!!
Está quase :)!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Voltei!

Eu sei, foi uma viagem tão rápida que nem deu para sentirem saudades minhas :p, mas, acreditem meninas, eu tive saudades vossas, saudades do meu blog, que a cada dia que passa sinto ser mais útil para vocês...obrigada por me deixarem partilhar a minha história por vocês, obrigada por me fazerem sentir que o sofrimento pelo qual passei pode ter algo de positivo!!
A primeira coisa que fiz quando liguei o computador, depois de três dias sem internet (meu Deus, como é que já fomos capazes de viver sem internet??), foi ler os vossos comentários ao meu último post. E tenho algumas respostas a dar mas, com mais tempo, vou fazer tudo isso. Agora tenho muita coisa para pôr em ordem, mas não conseguia ir para a cama hoje sem vos dar um olá :)!
Beijos para todas!
P.S. A viagem foi óptima, o lugar era lindo, mas a verdade é que passeámos mais do que namorámos :p...sabem quando ficamos hospedadas numa casa de pessoas tão queridas (que não conhecíamos antes mas foram uns amores!) que sentimos que namorar lá é quase pecado? Foi essa a situação :p

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A conversa

Olá a todas!
Vou só começar por responder à Daniela, que me perguntou porque é que eu entrei em pânico quando a minha médica me falou do tratamento. Então, isso aconteceu porque ela me disse que a parte final do tratamento consistiria em inserir dilatadores (do que me recordo, mas esperem, o mais grave não é isso...sim, digo grave porque no dia em que ouvimos falar pela primeira vez no tratamento, quando nos sentimos mais "fechadas" do que as portas de uma prisão, essa ideia não é muito animadora) e que isso em princípio teria sucesso mais rápido se fosse feito no consultório...sim, no consultório!! Imaginam agora o pânico de uma pessoa, com vaginismo, a se imaginar de pernas abertas no consultório a inserir dilatadores com um especialista??mau demais, não é?? Se bem que, caso aconteça a alguma de vocês, acredito que seja mais constrangedor do que propriamente difícil, porque a dificuldade é a mesma, mas acho que não perdem nada em tentar vocês primeiro se o médico sugerir essa ideia). Mas não foi nada disso que acabou por acontecer, graças a Deus (ou me portei bem ou ela mudou de ideias, não sei bem qual delas foi a verdadeira).
Mas então agora, e tentando não me alongar demasiado (como faço sempre!!sou uma chata!!) vou-vos resumir A conversa, em que disse à minha mãe que estava curada. Ao lerem as linhas que se seguem, tenham em conta que quando, há quatro anos, eu contei à minha mãe que não conseguia ter relações com penetração, nem eu nem ela sabíamos que existia o vaginismo e ela, igual a si própria, desvalorizou logo o problema.
Não me lembro da conversa toda, como é óbvio, por isso vou-vos contar as partes mais importantes que me lembro. Depois quero opiniões sinceras sobre se contei da melhor maneira ou não, pode ser meninas?
Então eu comecei por lhe dizer que a médica ainda se lembrava do meu caso, e disse que até compreendia isso, porque a minha situação não era propriamente normal. Ela não deu muita atenção ao que eu disse (ou fingiu não dar...lembrem-se, meninas, a minha mãe é perita em relativizar problemas, o que nem sempre é bom, acreditem!). Mas eu insisti na conversa, porque queria contar-lhe mais.
E então disse-lhe que o problema que tive era psicológico e perguntei se ela fazia ideia que existia aquele problema. E ela, nunca dando parte de fraca "existem problemas psicológicos de todo o tipo, é natural que também existam relacionados com isso". Ok, mas a minha questão era se ela fazia ideia da existência dele. Claro que não (era a resposta sincera que ela, e qualquer uma de nós há uns tempos, teria dado).
E depois expliquei-lhe que era um problema relacionado com ansiedade, e que era mais comum em pessoas com traumas sexuais, tipo violações. Mas que, como ela sabia, não era o meu caso. E não sei como é que a conversa chegou lá mas eu disse qualquer coisa que ela respondeu "Ih, não me digas que fui eu que causei isso!" e eu respondi "Alguma coisa causou!". E expliquei-lhe que, por ela não aceitar o meu namoro no início, eu sentia que era errado estar com ele, e que isso se prolongou até eu ser mais "velhinha" e começar a tentar as primeiras relações sexuais. Mas ela nunca se desarmou, disse que como era óbvio não me ia incentivar a ter relações sexuais com 12, 13 anos, quando eu comecei a namorar (mas quem é que falou nisso??) e que depois não me proibiu de nada (mentira!!). E que eu tinha que aprender a pensar pela minha cabeça o que é certo e o que é errado, que mesmo eu sou assim em tudo na vida, muito nervosinha e muito de prestar demasiada atenção a coisas que não devia e, depois, fico com problemas de ansiedade. Basicamente, meninas, a culpa é minha, não dela!! Foi isto que ela quis dizer com certeza. Enfim...
Confesso que às vezes ponho-me a pensar e chego à conclusão que ela tem o seu ponto de vista, porque não é normal um adolescente levar tão a sério e cumprir tão "à risca" os supostos desejos dos seus pais e ter tanto medo de desapontar. Não é! Num ponto ela tem razão, nós temos que pensar pelas nossas cabeças, não pela dos nossos pais. Os meus nunca me disseram que sexo antes do casamento (ou com determinada idade) era errado. Mas não aceitavam o meu namoro!
E para vocês verem como eu estou curada mas o trauma continua lá bem presente, no fim de semana passado os meus pais foram passá-lo fora (voltavam no dia seguinte de manhã), o meu irmão mais novo foi passar o fim de semana com a namorada (quando é que eu ia ter essa permissão com aquela idade?!) e eu não consegui ficar calma enquanto o meu namorado não voltou para casa dele (tinhamos ponderado de ele dormir lá na minha casa), porque eu não sentia que estivesse a fazer a coisa certa. Eu, que, aqui, em Lisboa, vivo com o meu namorado (com o conhecimento e apoio dos meus pais), vou a casa dos meus pais e faço isto!! Não sou normal!! Mas que é que posso fazer?? Infelizmente, há coisas que nunca mudam!
P.S. Só para dizer que, como acabei, finalmente, os meus exames, vou comemorar o dia dos namorados como deve ser e só volto no Sábado portanto até lá em princípio não vão ter notícias minhas. Beijos a todas!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sofrimento antes e durante o tratamento

Ainda não é desta que vos vou contar a conversa com a minha mãe. Desculpem. É que acabei de ler um mail que recebi que tinha uma pergunta que, enquanto eu estava a respondê-la, pensei que tinha mesmo que escrever aquelas coisas aqui. Pensei que se há alguns anos atrás, eu tivesse lido aquelas palavras que eu escrevi há pouco, provavelmente (quem sabe??não custa tentar...) não teria demorado tanto tempo a procurar um terapeuta.
Então a pergunta que uma amiga me fez foi se eu sofri com o tratamento. E vou dizer-vos a responta que dei. Porque quero que todas vocês a saibam.
Eu sofri muito, muito, muito, mas foi ao longo do tempo eu que tinha vaginismo e não sabia que o meu problema tinha nome. E sofri depois que descobri que tinha vaginismo, mas antes de procurar ajuda. E sofri imenso também para começar a fazer a terapia. Pura e simplesmente não conseguia tomar essa decisão, essa iniciativa.
Agora, no tratamento não sofri propriamente. Claro que eu tinha que falar sobre os meus problemas, para além de fazer o tratamento propriamente dito, e claro que os exercícios não foram sempre fáceis, mas, acreditem, bendito o dia em que comecei a terapia!! A partir desse dia, o sofrimento começou a diminuir aos pouquinhos, porque a cada consulta que passava eu sentia-me mais confiante, mais próxima da cura.
No início do tratamento eu tinha pouca credibilidade na cura, muito sinceramente. E então quando ouvi a descrição do tratamento entrei em pânico! Mas a médica tinha mesmo razão quando disse que eu não ia fazer nada que eu não estivesse preparada. E desengane-se quem pensar "ok, então não vou fazer nada, porque nunca me vou sentir preparada!!"...não é que me senti mesmo??? Ainda nos vos contei o dia específico em que eu consegui a penetração mas, acreditem, eu sentia-me, mesmo, preparada. Mais do que a psicóloga ou o meu namorado, eu sabia que estava preparada!!
E quero vos dizer ainda mais uma coisa. O mais difícil de tudo, no que diz respeito aos exercícios sexuais, é o primeiro objecto que vocês conseguem, finalmente, inserir dentro de vocês (seja o dedo ou o tampão ou o que for). Porque esse é o que requer mais paciência, mais empenho, mais tentativas. É sem dúvida o mais difícil. Tanto é que o tampão só o consegui inserir depois de muitas tentativas, e isso já não aconteceu com o penis (depois que comecei o tratamento, claro!)...
Portanto, minhas amigas, temos que ter medo é de fugir do tratamento! Agora medo do tratamento? Medo da nossa cura?? Nada disso!!! E se, para conseguirmos, temos que ter muitas tentativas falhadas de inserir tampões e dedos, que assim seja, mas ao menos podemos dizer que tentamos!!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Relembrando as origens do problema

Para quem não leu os primeiros posts que fiz, há uns meses atrás, basicamente o motivo pelo qual eu tive vaginismo, segundo a minha terapeuta, foi o facto de querer sempre ser a filha perfeita, sempre muito responsável, e que tinha pavor de fazer alguma coisa que achasse que os meus pais não iam gostar.
E, como também já contei, comecei a namorar (com o meu namorado actual) muito nova (ainda não tinha 13 anos), e os meus pais não gostaram mesmo nada da ideia. E, à custa disso, passei alguns momentos bem difíceis.
Sofri muito em ver todas as minhas amigas, com 15 e 16 anos, a levar os namorados às suas casas e a ter um namoro aceite por toda a gente, enquanto eu tinha que mentir aos meus quando ia ter com o meu namorado. Era bem doloroso. Porque, infelizmente, ao contrário da maioria dos adolescentes (e que inveja que eu tenho deles!!), custava-me (e continua a custar, só que agora já não preciso fazê-lo), eu tinha muita dificuldade em mentir aos meus pais, ficava a me sentir a pior pessoa do mundo!
Para perceberem melhor do que é que estou a falar, vou vos contar algumas das situações específicas por que eu passava.
Nos primeiros tempos de namoro, andávamos em escolas bem distantes e, basicamente, viamo-nos uma vez por mês, ao domingo, altura em que iamos ao cinema mas nunca sozinhos (como é que eu ia dizer a minha mãe que ia ao cinema sozinha com ele??impossível, ela não ia deixar!), e, mesmo quando dizia que os nossos primos iam connosco, ela deixava-me ir, mas respondia com uma expressão que nem vos conto...já não dizer que eu passava os dois dias antes de ter que pedir para sair com ele cheia de nervoso miudinho. Ou seja, basicamente, para poder passar umas horinhas com o meu namorado, passava quase uma semana antes de sofrimento.
Depois começámos a nos ver num dia de semana, o dia que eu tinha explicação à tarde, e isto só quando a minha mãe não me podia ir buscar. Aí eu tinha que ir de transportes públicos, e lá ficava uma hora e meia (sim, uma hora meia apenas!!) com ele, porque depois tinha treinos. E o dia em que a minha mãe perguntou porque é que eu não passava em casa antes de ir para os treinos??Ui, tremi que nem varas verdes. Qualquer adolescente normal ignoraria completamente aquilo, e seguiria a sua vidinha em paz. Mas eu não era, de facto, normal.
Quando passava na televisão regional imagens de jardins, no intervalo do telejornal, eu tremia com medo de eventualmente aparecer alguma imagem minha a passear com o meu namorado, chegava a evitar jantar à hora que passavam essas imagens, com esperança que, se eu alguma vez aparecesse nessas imagens, os meus pais não me dissessem nada e guardassem o assunto para eles. Se eu estivesse a ver as imagens com eles, ia ser muito constrangedor.
Depois, quando tinhamos à volta de 15/16 anos, fomos para escolas próximas e, ao fim de um ano e meio de isso acontecer, eu decidi ir a casa do meu namorado. No dia em que decidi, pensei que tinha que pedir autorização à minha mãe. E telefonei-lhe. Só que ela não atendeu. E então, pela primeira vez na minha vida, decidi fazer alguma coisa às escondidas dos meus pais. E sabem do pior? O trabalho da minha mãe fica bem pertinho da casa dele...podem imaginar então o meu pânico. Eu tentava ir a horas que achava que a minha mãe não estava no trabalho, mas ela às vezes tinha reuniões inesperadas, por isso era sempre um terror. E, quando eu apanhava o autocarro ao pé da casa dele para voltar para a minha, parecia uma criminosa, sempre a olhar para trás, para ver se o carro dos meus pais não vinha atrás do autocarro, porque se os meus pais me vissem a sair numa paragem diferente da que eu costumava sair quando voltava da escola...
Na altura das férias, como não tinha escola, sabem o que eu fazia para poder ir a casa dele?? Apanhava o autocarro quase até ao pé da minha escola (porque, mesmo ao pé de casa, não tinha coragem de ir para a paragem que dava para a casa dele) e, depois, voltava, noutro autocarro, para trás, para ir para a casa dele, isto só para não ser apanhada na paragem pelos meus pais. Basicamente demorava uma hora ou mais a chegar a casa dele, quando podia ir directamente, demorando dez minutos.
Não quero que pensem que os meus pais são horríveis. Porque não são mesmo. São duas pessoas fantásticas, que admiro imenso, e que têm um amor um pelo outro que é o amor mais bonito que já vi na minha vida. A sério. Em termos de casal, tenho em casa o melhor exemplo que poderia ter. Mas eles quiseram proteger-me demasiado, e com isso fizeram-me sofrer. Eu sei que o objectivo não era me criar o pânico que criaram. Eu sei que grande parte da culpa também é minha, por ser tão infantil e medrosa, porque em 90% (pelo menos) dos casos de adolescentes nesta situação, eles continuam fazendo a sua vida às escondidas sem se preocupar minimamente se os pais gostam ou deixam de gostar. Mas, infelizmente, eu não consegui ser uma adolescente normal, e isso saíu-me bem caro...
Decidi fazer este post antes de vos contar a conversa com a minha mãe, para perceberem melhor o sentido das coisas. Provavelmente foi um post cansativo, mas era para ficarem inteiradas da situação (e peço desculpas a quem já tinha lido o que fiz há algum tempo e que diz muita coisa parecida, mas tenho várias leitoras recentes). E espero que não tenham ficado a pensar mal dos meus pais. Porque é como costumo dizer, eu posso dizer "mal" das pessoas que amo mas mais ninguém pode :p, não é assim?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Para comemorar as 200 visitas ao meu blog, resolvi dar-lhe uma nova imagem :) (mas continuamos com o cor de rosa para não perder o seu lado sempre muito feminino, assim como o problema que nos afecta a todas...)! Já estava um pouco cansada da outra imagem, confesso... Agora vou ver se ela me anima a me despachar mais rápido das mil e uma coisas que tenho para fazer, para poder vir vos chatear mais um bocadinho com a minha história.
Até breve queridas leitoras (prometo que vou tentar ser mesmo muito breve!)!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A primeira consulta na ginecologista depois da cura

Olá!
Pois é, sobrevivi à consulta com a ginecologista :)!
Antes de vos contar como foi, e para ficarem completamente inteiradas da situação (isto porque já contei num post antigo como foi a primeira consulta com esta ginecologista, mas já foi há algum tempo), vou só recordar basicamente como foi a minha consulta há quatro anos com ela. Para dizer a verdade foram duas. Na primeira fui lá, disse que não conseguia ter relações sexuais, ela disse-me que isso era mais comum do que eu pensava, e receitou-me apenas um lubrificante. E disse-me que não queria receitar algo mais "poderoso", que foi o que me veio a receitar na semana seguinte, quando eu voltei lá, desesperada, porque estava na minha terra de férias e já ia voltar para Lisboa e depois eram mais uns meses sem poder consultá-la e sem poder resolver o meu problema. E ela lá me receitou uns cremes com efeitos anestégicos (acho que é assim que se diz) e disse-me, subtilmente, que se aquilo não funcionasse que seria melhor eu consultar um colega dela (ou algo do género, que eu interpretei como sendo um psicólogo).
E então eu fui embora, e, como já todos sabem, o creme não fez absolutamente nada. Aqueles cremes servem para quem tenha dores na penetração...nós, mulheres com vaginismo, não temos propriamente dores nem penetração, nós impedimos a penetração e isso causa-nos dores, é diferente...
Só queria dizer mais um pormenor antes de vos contar a minha consulta. A minha ginecologista é super competente, é um amor de pessoa, e, sinceramente, eu acho mesmo que os ginecologistas não têm propriamente culpa de não nos conseguirem ajudar, acho que o mal está mesmo no curso que eles tiram, que devia ter uma disciplina vocacionada para estes problemas porque, apesar de serem psicológicos, nós no início não fazemos ideia disso, e é a eles que recorremos antes de decidir (eventualmente) consultar um psicólogo.
Mas então vamos ao que interessa. Então, eu entrei no consultório e ela perguntou-me se eu já estava melhor do meu problema e se os "cremezinhos" tinham ajudado...a primeira coisa que me ocorreu foi "caramba, ela lembra-se!". Confesso que ainda pensei por uns momentos "será que a minha mãe lhe contou de algum problema meu que eu não me estou a recordar agora??ou ela lembra-se mesmo da consulta que tivemos há quatro anos?", mas não, ela lembrava-se mesmo.
E então eu disse-lhe que o assunto já estava resolvido, e, da maneira que ela perguntou, não tive coragem de dizer propriamente "e os "cremezinhos" não serviram para nada".
E então ela começa-me a contar do género "eu tenho imensa gente que vem comigo e que não consegue, inclusive mulheres que tinham uma vida sexual normal e depois mudam de parceiro e deixam de conseguir, mas elas não têm nada a ver com o teu caso (do género, era normal tu teres dores porque eras virgem e eras "apertadinha" mas elas já não se compreende tão bem....). Pois é, o que é que se responde a estas coisas? Que, mesmo que as senhoras tivessem 50 cm de largura na vagina, que não conseguiriam na mesma, porque este problema é PSICOLÓGICO???
Mas, esperem, quando eu, a medo, disse (não devia ter dito!!), "chama-se vaginismo, eu não sei se sabe o que é" (pois, eu sei que não disse da melhor maneira...parece que estava a tentar ensinar à médica o trabalho dela) mas ela respondeu (suspense........) "sim, eu sei, eu vi logo que era isso!".
Moral da história, meninas:
Ela até pode saber que há vaginismo. Afinal de contas, com tantos anos de carreira, já lhe passaram pelas "mãos" muitas pessoas nesta situação. O que ela não sabe é que não dá para curar com cremes. O máximo que eu consegui foi dizer, para aí umas três vezes, subtilmente, que me curei com uma psicóloga, e que achava que sem ela não teria conseguido, porque é um problema psicológico relacionado com um medo incontrolável da dor. A ver se ela aconselha psicólogo às mulheres na mesma situação. Mas ela também me disse nessa altura que é complicado mandar as pessoas para um psicólogo...eu até percebo isso, embora da minha parte não tenha tabus nenhuns com psiólogos nem psiquiatras...eles existem é para ajudar pessoas, normais ou menos normais...afinal de contas quem é que é verdadeiramente normal? Quem é que decidiu qual é o padrão de "normalidade"? E ela também me disse, depois, que aqui (na minha terra) não há pessoa especializadas nesses assuntos, mas por acaso a minha psicóloga já me disse que já há uma mulher, e eu disse isso à ginecologista.
Ah, já agora quanto à parte da consulta propriamente dita, eu sinceramente não sei se a senhora pôs só o dedo ou se pôs mesmo o aparelhinho, porque aquilo foi desconfortável (lá isso foi!! e bastante!!) mas não me pareceu frio e um aparelho que "abre" quando está lá dentro, que era o que eu estava à espera. Só sei que, pelo menos, na primeira vez (foram duas "inserções" de objectos que eu não sei o que foram :p) ela pôs o dedo e disse que eu estava muito melhor, que não tinha comparação. Ela devia querer dizer que eu já estava muito mais descontraída, penso eu, embora não me tenha sentido assim tãao descontraída. Mas enfim. Já passou. E, já agora, a minha saúde sexual está bem e recomenda-se e, como disse ela "agora tenho é que aproveitar o tempo perdido e compensar o rapaz..." :)!
P.S. Como este post já ficou maior do que eu esperava, no próximo vou-vos contar a minha conversa no carro com a minha mãe quando vinhamos para casa...pois é meninas, contei (quase) tudo!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Vou à ginecologista (medo!)

Olá minha gente!
Hoje vim só vos dizer que estou uma semaninha de (pseudo) férias na minha terra (tenho que estudar para um exame que tenho para a semana mas vamos lá ver se dá tempo para tudo...) e então vou, finalmente, fazer uma visitinha à ginecologista que, segundo a minha terapeuta, já deveria ter sidoo feita há uns mesinhos. Isto porque ela me disse que eu deveria ter ido quando já tivesse penetração há dois meses ou três (não convinha antes porque eu poderia ainda me sentir desconfortável, por causa do vaginismo) e já lá vão quase 7 (é verdade, depois de amanhã faz 7 meses que me senti uma mulher a 100%...comemoro cada mês, parece uma tontice não parece? mas é muita alegria...).
Mas então lá vou eu amanhã, à mesma ginecologista que há uns anos não conseguiu me dizer que eu tinha vaginismo (coitada, não tem culpa, os médicos não aprendem isso no curso deles, que não acho normal, só os psicólogos, e não todos...enfim!) e vou eu ver se está tudo bem (e me estrear com aquele aparelhinho horroroso que "graças" ao meu vaginismo ainda desconheço (que medo, já não tenho mais desculpas...será que posso dizer que ainda tenho medo daquela coisa horrorosa ou já não tenho desculpa? Pois, já não devo ter...) e vou me encher de coragem para lhe contar do problema que eu tive, a ver se ela consegue ajudar as mulheres da minha terra...
Depois conto-vos como correu a conversa (se eu tiver coragem...só de pensar já fico nervosa, mas quero que me chateiem muito se eu voltar aqui a dizer que não consegui, ok? Eu tenho mesmo que contar para ajudar as outras mulheres!) e como correu a minha primeira vez com aquele aparelho horrível que eles metem lá para dentro do...enfim, do dito cujo! Desejem-me sorte!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Mais uns detalhes sobre o tratamento

Olá a todos!

Estava agora a fazer um comentário no blog de uma amiga e de repente passaram-me inúmeras coisas pela cabeça, algumas das quais acho que nunca referi aqui antes...Então hoje vou deixar uma espécie de "notas soltas", sem muita conexão, mas que podem ajudar, principalmente àquelas mulheres que estão a fazer terapia e estão a desesperar à espera de verem resultados que demoram mais a aparecer do que gostariam...

Então, antes de mais, devo dizer-vos que não foi nem na primeira, nem na segunda, nem na terceira consulta (e eu ia às consultas de duas em duas semanas, portanto façam as continhas...) que eu comecei a fazer algum tipo de exercício de teor sexual, e antes desses ainda tive que vir para casa e me ver ao espelho (qual adolescente em plena puberdade...) que, confesso, faziam-me sentir um bocado...sei lá...infantil? É que, quer dizer, já tinha 21/22 anos, não era propriamente uma criança, e sentia-me meia ridicula de estar agora ali a descobrir o meu corpo.

Mas vou fazer uma confissão da qual tenho alguma vergonha, admito... É que, em muito devido ao facto de as minhas (muitas) tentativas de ter penetração frustradas, eu acho que, até começar a terapia, eu realmente não sabia bem onde era lá o buraquito...isto porque para mim parecia-me tudo uma grande parede impenetrável, e então eu pensava "tem que ser mais para a frente, é impossível aquilo ter algum espaço lá dentro, não pode ser ali!!" e então realmente a médica nao estava assim tão "maluca" ao mandar-me para casa, mesmo com 21 anos, "estudar" o meu corpo... Por favor, a quem tenha sentido o mesmo, agradecia que me confessassem aqui (podem pôr um comentário anónimo)...é sempre bom saber que não eramos a única pessoa adulta à face da terra a não ter certezas acerca da localização do nosso...enfim do dito cujo (que eu nunca sei bem como chamar...devia arranjar um nome carinhoso para ele...ideias, alguém tem alguma?? =) ).

Então e o que mais é que eu me tinha lembrado para vos dizer?

Ah, já me lembro. As situações em que a terapeuta manda fazer exercícios dos quais nós duvidamos com todas as nossas forças que vão ter algum efeito no nosso tratamento...

Minhas amigas, eu tive que estar, no consultório e depois em casa várias vezes, durante cinco minutos com os olhos fechados apenas concentrada na minha...perna!! Sim, na minha perna!! Julgo que isto tinha um objectivo do género eu depois conseguir focar na vagina e descontraí-la mas, muito sinceramente, ou depois a médica achou que já nao era necessário continuar com aquilo ou, se teve o efeito que ela pretendia, eu não o percebi bem (até porque, confesso, eu não conseguia estar cinco minutos a pensar na minha perna!!). Cheguei a uma altura em que deixava esses exercícios para fazer quando fossse para a cama, antes de dormir...já estão a imaginar o resultado, não estão? Então para quem não estiver, aconselho este exercício para quem tenha insónias...vão ver como adormecem antes de chegar ao segundo minuto =) (ah não acreditam? então experimentem!! comigo resultava que era uma maravilha...o sono, nao a concentraçao...vocês perceberam :p). E ainda tive que fazer outros exercícios parecidos, do género, contrair diversas partes do corpo seguidas umas às outras...passo a explicar melhor. Era do tipo: fechar os olhos, concentrar-me no meu corpo e começar a concentrar-me no rosto e depois contrai-lo, depois focar numa mão e contraí-la, e assim sucessivamente. Se teve efeito no meu tratamento? Mais uma vez não sei, não faço mesmo ideia, mas mal também não fez, e então lá ia eu fazendo. Mas também chegou a uma altura que eu deixava para fazer na cama, com o mesmo resultado que os anteriores :p.

Mas a ideia que eu quero deixar é que, mesmo que vos pareça que os exercícios nao sao os mais adequados, não devemos esquecer que os terapeutas estiveram anos a estudar para nos ajudar...alguma coisa eles devem ter aprendido, certo? E também, qual é a nossa alternativa em vez de confiar neles? Pois, não é melhor, não, e como tal, o melhor, na minha opinião, é mesmo confiar neles e fazer o que nos mandam...

O facto é que, entre exercícios que me pareceram bem adequados e outros não tão adequados, eu cheguei lá, ao fim de 9 meses. Ainda há um ano olhava para um tampão cheia de medo e agora ando aqui feliz da vida! Por isso nada de desistir das terapias e quem ainda não se decidiu a começar a terapia aconselho que o faça!
Beijos a todas!