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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Tabu

Neste momento a minha história já é conhecida por mais "algumas" pessoas, por causa da reportagem que já vos tinha falado. Se tenho receio de ser identificada? Tenho, um pouco. Quem é que não tem receio de que os seus conhecidos saibam os seus segredos mais profundos, ainda mais quando o que está em causa é aquilo que de mais íntimo pode haver na vida de um ser humano?
Vergonha não tenho nenhuma. Absolutamente nenhuma. Angústias também não. Já tive muitas, mas neste momento, graças a Deus (e a muito esforço da minha parte) estou curada. Tenho a vida sexual dita "normal".
Só por ter o tema "sexo" no título a reportagem foi muito mais lida que qualquer outra...é natural. Este tema interessa a toda a gente. Quanto mais tabus são os temas mais interesse despertam nas pessoas. Só tenho pena que o vaginismo também seja um tabu. Que não seja tão falado e conhecido como, por exemplo, o cancro da mama. Porque não? Como é óbvio, são dois problemas completamente diferentes.
Mas o vaginismo impede uma vida sexual normal! Não a impede por completo mas, acreditem, é muito frustrante não poder realizar as fantasias mais banais do mundo (que toda a gente tem) por limitações nossas, que adoraríamos não ter, mas que são imensamente difíceis de ultrapassar.
Por tudo isto tenho medo. Medo que quem me conhece descubra o único segredo que tive a esconder durante grande parte da minha vida. Que descubra que a minha vida sexual era diferente das suas. Que descubra que os muitos anos de namoro que eu tinha (e tenho) não eram apenas pautados por momentos bons. Que o meu relacionamento passou por várias crises por causa do vaginismo. Ou então, quem sabe, que descubram até que têm mais coisas em comum comigo do que pensavam (quem sabe...nós não fazemos ideia quais as pessoas que nos rodeiam que sofrem do mesmo mal, porque cruzando-nos com tanta gente no nosso dia-a-dia, com certeza já estivemos com alguém com problemas bem mais parecidos aos nossos do que alguma vez podemos pensar).
Por agora é tudo. Fica só o desabafo. Estava a precisar.

5 comentários:

  1. Oi,
    Muito interessante o teu blog. Tenho 34 anos sofro de vaginismo primário e, já agora não tenho carta de condução... Como muitas pessoas fujo dos meus próprios problemas...
    Tal como tu, num verão da adolescência tive uma tentativa falhada de colocar um tampão. Não liguei muito, tentei outras vezes, sempre sem sucesso excepto numa primavera dos meus 17 anos que miraculosamente consegui ir à piscina com amigos, com o tampão posto.
    Quanto a namorados, neste caso ao contrário de ti, foi tarde que me envolvi. Digamos que nos envolvimentos que fui tendo achei sempre que não estava preparada... Aos 27 anos, tarde, muito tarde iniciei um relacionamento sério que mantenho até hoje e foi aí que basicamente me apercebi que não conseguia... Em dias bons consigo que o meu namorado me penetre com um dedo, mas se o mexe de determinada forma sinto logo dor.
    Mantemos uma sexualidade alternativa e na qual tenho sempre orgasmos. Os meus sentimentos de culpa surgem mais quando estou sozinha do que propriamente na cama. Não tentamos penetração, pelo que as tentativas frustradas foram poucas.

    Tenho uma líbido relativamente elevada, o que é algo que não vejo questionado nos fóruns sobre vaginismo.
    Quando há brigas com o meu namorado, nunca me atirou à cara esta situação (e olha que já me referiu muitas outras coisas de que já não me lembrava, mas nenhuma de índole sexual).

    Curiosamente, não me parece ter muito o apoio dele para embarcar na terapia, acho que inicialmente até ia criar tensões...
    Identifico-me contigo quando dizes que ias na rua e pensavas será que esta ou esta tem?
    Como é óbvio não falo disto com amigos, tenho pavor de ginecologistas.

    Mentalmente, às vezes até penso, pelo menos não tenho que tomar a pílula... com os 34 + uns cigarrinhos sempre é menos um factor de risco.

    Estou a escrever muito à pressa nem vou reflectir muito sobre estas linhas, mas apeteceu-me escrevê-las...
    Parabéns pelo teu sucesso e pelo blog!

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  2. Olá! Gosto sempre de saber que consegui chegar a mais alguém...pela tua linguagem pareces-me ser portuguesa (até agora só tenho falado com mulheres brasileiras, nada contra como é óbvio, só que às vezes ainda sinto que parece que sou a única pessoa do país que passou por isto,e é sempre bom sabermos que não estamos sozinhas), mas só confirmas isso se quiseres e se por acaso leres esta mensagem...espero que o faças e, caso queiras me contactar mais em privado podes me escrever para o mail vag.psi@gmail.com . Gostava de falar mais contigo, e ajudar se puder fazê-lo.
    Quanto ao que escreveste acerca da líbido, realmente acho que nunca falei aqui sobre isso (mas hei-de falar), eu também nunca tive grandes problemas com isso, mas acho que até é comum em pessoas com vaginismo (também caramba, não podemos ter os problemas todos!!).
    Quando dizes que o teu namorado não toca no assunto nem têm tentativas de penetração, mais uma vez temos algo em comum...mas também quanto a isso acho que a maioria dos parceiros nesta situação não é propriamente entusiasta e, acredita em mim, isso não é propriamente bom. O meu namorado nunca me disse para procurar ajuda, nunca disse "vamos tentar mais uma vez", remetia-se ao silêncio, pura e simplesmente. Só que eles não são de ferro e, se o teu for como o meu, um dia explode sem tu estares à espera, sem o mínimo aviso. Por isso aconselho-te vivamente a consultares um sexólogo o mais rapidamente possível. Se fores portuguesa diz-me, assim fica mais fácil eu te aconselhar a minha psicóloga. Gosto muito dela. A sério. Fico à espera de mais notícias tuas. Não evites o problema. Não vale a pena! O processo de cura parece tão mais assustador quando ainda não decidimos a começá-lo!

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  3. Sim, sou portuguesa e vivo em Lisboa.Mais uma vez obrigada pelas tuas palavras.
    Irei acompanhar o blog e provavelmente escrever-te para o email!

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  4. Olá,

    Há menos de um mês descobri, finalmente, que não única nesse imenso mundo... sofro tb de vaginismo, e como foi difícil descobrir e como está sendo difícil enfrentar o problema.
    Gostei muito do seu blog, espero podermos trocar informações a respeito.

    Um abraço

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  5. Olá!
    É verdade, a cada nova mensagem que recebo apercebo-me que ainda somos mais do que eu pensava. Como é que este problema continua com tao pouca divulgaçao, é algo que me custa a entender!Se quiser escreva-me para o mail, estou disponivel para ajudar no que puder. Beijo

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